
Com o desejo de reconquistar tudo o que um dia teve, incluindo um carro e uma casa, Fagner Tiago, um cuidador de idosos de 40 anos, abriu seu coração ao Tempo Novo, enquanto buscava auxílio para sobreviver às margens da Rodovia ES 010, na Serra.
Fagner se tornou uma figura conhecida ao lado do posto Shell, entre Chácara Parreiral e a rodovia ES 010, segurando um cartaz que diz: ‘Estou pedindo ajuda para adquirir mantimentos. Sou cuidador de idoso, pai e estou desempregado. Por favor, tenha empatia’.
A rotina diária desse desempregado consiste em implorar por ajuda para garantir sua subsistência no cruzamento. No entanto, sua vida está longe de ser fácil, tendo enfrentado xingamentos, humilhações e até mesmo um assalto.
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Desde 2019, Fagner Tiago está desempregado e tem enfrentado dificuldades para retornar ao mercado de trabalho devido à falta de documentos e à impossibilidade de adquirir um celular. Ele explica:
“Sem telefone celular, é difícil para as empresas entrarem em contato comigo. Essa tem sido uma das minhas maiores dificuldades, juntamente com a obtenção da segunda via dos meus documentos”.
Desde sua chegada ao Espírito Santo em 2016, o mineiro distribuiu seu currículo em várias empresas, porém não obteve resposta de nenhuma delas. Fagner relata: “Fui ao Centro Pop, onde recebi ajuda para elaborar meu currículo, e o distribuí por aí. Infelizmente, não obtive sucesso nessa empreitada. Pedir ajuda no semáforo foi a única saída que encontrei para sobreviver sem recorrer ao roubo ou prejudicar alguém”.
Fagner tem vasta experiência como cuidador de idosos, tendo trabalhado nessa área por muitos anos. Ele menciona que chegou a cuidar da empresária Maria Helena Nasser Pacheco. “E acumulei bastante experiência nesse campo”.
Além disso, possui experiência como balconista de farmácia e terapeuta holístico em clínicas de reabilitação. Fagner é pai de dois filhos, um de 22 e outro de 16 anos, além de ser avô.
Atualmente, Fagner reside em uma kitinete, mas está enfrentando dificuldades para pagar o aluguel, que vencerá nesta semana e lamenta: “Até esta semana, tenho onde ficar, mas depois disso, o destino está nas mãos de Deus”.
A sobrevivência de Fagner depende da ajuda de pessoas generosas e empáticas que se dispõem a auxiliá-lo. “Tive que interromper meu curso de técnico de enfermagem no quarto período devido a problemas pessoais e, desde então, não consegui retomá-lo”.
Fagner também está sem telefone celular, pois seu aparelho foi roubado enquanto ele pedia ajuda no semáforo. Se algum empresário, quiser ajudá-lo, para encontrá-lo, basta ir até o cruzamento do Posto Shell em Parreiral, a partir das 16 horas.
Xingamentos e conflitos conjugais são parte da realidade de Fagner. Ele revelou ao Tempo Novo que é uma situação humilhante. “As pessoas me chamam de mendigo, drogado, mas nunca param para refletir sobre o motivo de eu estar nessa situação”.
Em um dos dias em que estava com seu cartaz pedindo ajuda, uma mulher o xingou, chamando-o de lixo. Ele conta: ‘Ela estava em um Jeep Compass, acenou e me chamou. Fui até lá, como sempre faço. Quando me aproximei, ela abriu o vidro do carro, me xingou de lixo e fechou o vidro’.
Situações como essa são vivenciadas por Fagner diariamente. Ele compartilha: ‘Mesmo com os vidros fechados, consigo ler nos lábios das pessoas quando me chamam de vagabundo ou drogado’.
Além disso, Fagner já foi vítima de assédio. Um motorista ofereceu-lhe R$ 100 em troca de serviços sexuais, perguntando se ele preferia roubar ou pedir. Fagner respondeu que não roubaria ninguém, recusando a oferta.”

