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“Temos sorte pelas etnias que deram cara à cultura capixaba”

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Atentado ao Charlie Hebdo "Foi cúmulo do atrevimento e outros não chegaram nem aos pés do que fizeram à publicação".
Atentado ao Charlie Hebdo “Foi o cúmulo do atrevimento e outros não chegaram nem aos pés do que fizeram à publicação”. Foto: Bruno Lyra

Por Bruno Lyra

Moradora de uma chácara às margens do rio Reis Magos, em Nova Almeida, Glecy Coutinho é dessas mulheres que podemos chamar de extraordinárias. Uma das primeiras jornalistas a atuar no ES, Glecy dirigiu e roteirizou filmes, escreveu e atuou em peças de teatro e prepara um livro de memórias sobre sua infância em João Neiva, quando o país mergulhava na 2ª Guerra. Nesta sexta (13) Glecy completa 81 anos.

Como a senhora avalia o atentado à revista francesa Charlie Hebdo e as reações? 

Eu acho que aquilo foi o cúmulo do atrevimento, eu acho que outros atentados não chegam aos pés do que fizeram à revista, pois a liberdade de impresa é o maior bem que temos.

Como é hoje a liberdade de imprensa?

A economia manda muito na imprensa. Na ditadura a gente falava por meias palavras por medo da repressão que podia empastelar o veículo, hoje tem de falar com meias palavras por motivos financeiros.

E a relação da imprensa capixaba, com o poder constituído ao longo da história?

Eu trabalhei no jornal o tempo todo na ditadura. A bondade que existia entre nós jornalistas era porque tínhamos um inimigo comum. Então éramos todos unidos para bater em um. Hoje não, tem gente que combate várias coisas. E acho que não tem muita gente pensando no povo.

A senhora foi a primeira jornalista na folha de pagamento de A Gazeta…

Entrei lá em 1964, depois que textos meus sobre a situação dos professores foram publicados. Eu era professora e estava insatisfeita na época. Por algum tempo conciliei o magistério com o jornalismo. Fiz reportagens, trabalhei no extinto suplemento infantil A Gazetinha, depois no Caderno Dois. Saí de lá em 1983.  Também trabalhei na rádio capixaba, onde entrei em 1968.

Neste período aconteceram grandes histórias como o embate entre o Augusto Ruschi e o governador Élcio Alvares, o caso Araceli….

Essa época do Ruschi foi barra pesada.  A secretaria de Agricultura queria fazer uma plantação de palmito na reserva de Santa Lúcia. E não admitíamos isso, pois era uma mata nativa. E a situação foi crescendo, foi quando teve aquela romaria do povo para Santa Teresa e o Governo teve que recuar. Foi difícil.Rogério Medeiros teve uma participação muito grande nisso, ele era amigo do Ruschi. Eu acho que o papel da imprensa foi fundamental nessa história, talvez se não tivesse tido pulso forte isso nem tivesse acontecido.

E o caso Araceli?

Naquela época não era como hoje, que todo dia tem 10, 15 mortos. Um assassinato era uma coisa difícil, ainda mais de uma criança. A menina desapareceu e todos procurando. Eu me lembro que quando o secretário de Segurança do Estado chegou no aeroporto e disse aos jornalistas: “Araceli não foi morta por gente pobre.  Amanhã vou conversar com o governador e amanha vocês vão ter a notícia”.  No outro dia o secretário foi exonerado.

Como a senhora entrou no mundo das artes?

Desde criança, quando eu morava em João Neiva, já participava de peças de teatro. Quando vim para a Vitória entrei no teatro por acaso, para fazer a peça João e Maria no grupo Praça Oito. Fiz muitas peças com o grupo, mas a que mais marcou foi Navalha na Carne, que chegou a ser censurada pela Ditadura.

E o cinema?

Sempre fui louca por cinema. Foi influência da minha mãe, que também é apaixonada pela sétima arte. Ela adorava contar as histórias dos filmes, principalmente os de terror. Ainda na infância eu colecionava cartões que vinham nos sabonetes ‘Lever’ com fotos e a biografia das estrelas de cinema da época. Mas só consegui fazer meu primeiro filme aos 63 anos.
O que acha das leis de incentivo cultural?

Entendo que precisavam ser reavaliadas e ter mudanças. Por exemplo, no Rio em São Paulo só os grandes grupos é que conseguem as coisas. Quem mais precisa fica de fora.
Como está o mercado capixaba para os artistas?

O grande problema é que as pessoas gravam um disco e têm dificuldade pra lançar. No cinema, você faz um filme e ele só passa em festivais, por que não tem mercado. Para outros segmentos artísticos também têm sido difícil.

O que é para você identidade capixaba?

Eu acho que o capixaba tem uma múltipla face. Morei em João Neiva até 57. Hoje quando vou lá, vejo que a população ficou tão mais bonita por causa da mistura da italianada, índios, negros, nordestinos. Nós temos muita sorte por ter tantas etnias que deu essa cara, essa cultura capixaba.

Nossa produção cultural ajuda a construir essa identidade?

A música tem esse papel mais forte. Acho que os outros segmentos caminham com mais dificuldade. Gosto da música capixaba, faço muita fé.

Alguma diferença entre políticas culturais de Renato Casagrande e Paulo Hartung?

Não vejo tanta diferença entre os dois nessa área.  Mas acho que o Hartung deu mais apoio à cultura.

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