Desde o anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelos Estados Unidos — feito em 9 de julho — estima-se que cerca de 60% dos embarques de rochas naturais brasileiras com destino ao mercado norte-americano tenham sido suspensos. As informações são da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) e impactam majoritariamente o Espírito Santo, especialmente o município da Serra que é o maior exportador do Brasil.
Como 95% dos contêineres de rochas naturais exportadas para os Estados Unidos partem do Espírito Santo, a estimativa é que cerca de 1.140 contêineres deixem de ser embarcados apenas no estado, o que pode representar uma perda de aproximadamente US$ 38 milhões nas exportações capixabas.
As tarifas de 50% só serão aplicadas em agosto, mas o cenário já interrompe um ciclo de crescimento histórico, haja vista que antes da imposição da tarifa, a indústria brasileira de rochas naturais vivia um momento extraordinário de aquecimento nas vendas. No primeiro semestre de 2025, o setor alcançou o maior volume de exportações da história, com US$ 426 milhões em vendas para os Estados Unidos, um crescimento de 24,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Quem vinha liderando esse avanço era a Serra, que, entre janeiro e junho de 2025, foi o município que mais exportou chapas de rochas ornamentais no Brasil, movimentando US$ 162,3 milhões, o maior volume já registrado nesse período. A maioria esmagadora desse volume com destino aos Estados Unidos. O desempenho representou um crescimento expressivo em relação ao mesmo intervalo de 2024, quando a cidade havia exportado US$ 129,8 milhões. Ou seja, trata-se de um crescimento foi de aproximadamente 25,04% nas exportações da Serra no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024.
Com a nova política tarifária americana, o setor agora enfrenta incertezas sobre como irá reagir nos próximos meses. Para efeito de comparação, na segunda colocação aparece Cachoeiro de Itapemirim, tradicional polo do setor, com US$ 157,9 milhões exportados. Barra de São Francisco ocupa a terceira posição no ranking estadual, com US$ 58,8 milhões em exportações.
Entre janeiro e junho de 2025, a Serra foi responsável por 25,21% de todas as exportações brasileiras de rochas ornamentais em dólares, somando chapas e blocos. Ou seja, 1 em cada 4 dólares gerados pelas exportações brasileiras de rochas naturais teve origem diretamente na Serra. Esse dado não deixa a menor dúvida do papel estratégico do município na cadeia nacional do setor, especialmente entre os produtos beneficiados, que apresentam maior valor agregado.
Desempenho da Serra (jan. – jun. 2025):
• Chapas: US$ 162.389.200
• Blocos: US$ 24.857.718
• Total: US$ 187.246.918
• Participação nacional: 25,21%
Vocação capixaba no setor de rochas está ameaçada
Em junho de 2025, o Espírito Santo se manteve, de longe, como o principal estado exportador de rochas naturais do Brasil, com um faturamento de US$ 95,7 milhões no mês. Para efeito de comparação, o segundo colocado, Minas Gerais, exportou US$ 13,1 milhões.
As exportações capixabas seguem altamente concentradas no mercado norte-americano. Segundo dados de junho, 62,4% das rochas exportadas pelo Espírito Santo tiveram os Estados Unidos como destino. Em seguida aparecem China (17,5%), México (3,7%), Itália (2,0%) e Espanha (1,6%), enquanto os demais países somam 12,8%.
Esse perfil contrasta com o de outros estados exportadores. Em Minas Gerais, por exemplo, o principal mercado é a China, com 42,9% de participação, enquanto os Estados Unidos ocupam apenas a terceira posição, com 10,3%
A forte dependência capixaba do mercado norte-americano torna o setor especialmente vulnerável às oscilações de políticas tarifárias, como as propostas pelo ex-presidente Donald Trump, que lidera as pesquisas eleitorais para o pleito presidencial de 2025 nos EUA.

