A Serra tem diversos resquícios de mata atlântica e regiões de matinhas espalhadas por toda a cidade e de vez em quando um animal silvestre dá as caras em meio às residências. E na manhã desta terça-feira (6), um tamanduá deu as caras no bairro Caçaroca, região da Serra Sede. O animal foi resgatado e devolvido para seu habitat natural.
Luciano Barros Campos, conta que o tamanduá apareceu no quintal do vizinho e os cães ficaram alvoroçados, tentando pegá-lo. “Vimos que era um tamanduá e ele subiu numa castanheira, ligamos para a Polícia e falamos com a Prefeitura que rapidamente enviou fiscais do meio ambiente para buscá-lo em segurança”.
Ele conta que sempre tem casos como este no bairro. “Eles vêm devido à proximidade com a BR e o cinturão verde que temos aqui na comunidade. Existe muito sagui, gambá, bicho preguiça. De vez em quando eles vêm até o quintal e a cachorrada da rua fica alvoraçada. Mas sempre chamamos os órgãos competentes para tomar as devidas providências e afastar o pessoal curioso, as crianças ficam doidas. Esse mini-tamanduá que tem vida noturna, ele estava bem estressado e cansado e vigiamos até o pessoal chegar”, afirma Luciano.
O biólogo Cláudio Santiago, disse que o tamanduá é da espécie Tamandua tetradactyla, conhecido popularmente como tamanduá-mirim ou tamanduá de colete. É um mamífero de pequena estatura. “Este é um adulto, ele é pequeno mesmo, por isso o nome tamanduá-mirim”.
Cláudio disse ainda que o animal tem ocorrência em todo o território nacional e não está em nenhuma lista de espécie ameaçada, mas é um animal que infelizmente é predado para alimentação em alguns lugares e é muito atropelado em estradas. “Trabalhei no Pará e no Amazonas e a gente vê por lá muito tamanduá atropelado, mas é muito mesmo. Chega dar uma angústia, isso acontece porque eles são muito lentos”, destaca o biólogo.
Santiago também disse que o tamanduá-mirim é inofensivo e contou mais sobre a espécie. “Eles fazem toca em pedaço oco de árvore para descansar, em toca de tatu desabitada ou em alguma cavidade natural que eles encontrem. Se alimentam de cupim e formiga e podem se alimentar tanto no chão quanto nas árvores, pois é um bicho terrestre arborícola, ou seja, ele se dá bem nos dois ambientes com bastante desenvoltura. Vive escalando árvores e tudo mais”, especifica.
Um tamanduá-mirim adulto pode chegar a 60 centímetros. “Eles chegam na faixa de 7 quilos e outro aspecto interessante deste animal é que ele bota um filhotinho a cada gestação e o carrega nas costas. Em média pode viver uns 14 anos. Ele habita floresta, matinhas menores e até mangues já ouvi dizer que ele foi encontrado, é mais pela temperatura, ele não gosta de regiões muito frias. Quando ele se sente ameaçado ele fica nas duas perninhas de trás e abre os dois bracinhos e fica com eles abertos, quando a ameaça chega perto ele fecha os braços rapidamente”.
Os tamanduás também não têm diferença de macho e fêmea a olho nu. “É o que a gente chama dimorfismo sexual, eles não apresentam dimorfismo, então macho e fêmea são muito parecidos. Para saber o sexo, é necessário ver a região genital para saber quem é quem”, explica.
Por fim, Cláudio pontua que a população deste animal está em declínio no Brasil. “Principalmente por conta da pressão da população e perda de habitat, seja por principalmente incêndios, atividade agrária, caça para consumo e pele, desmatamento, como também pela malha viária por conta de atropelamento”.
O resgate do tamanduá, foi feito pela Fiscalização Ambiental da Serra e o animal que estava saudável e fisicamente bem foi devolvido para uma região de mata.
Segundo Ronaldo Freire, participaram deste resgate os Auditores Fiscais de Atividades Urbanas de Meio Ambiente, Wandel Azevedo, Eleir Carvalho e Elizeth Botelho.
Serviço:
Fiscalização Ambiental da Serra
Telefone: 99951-2321/ 0800 283 9780
E-mail: dfa.semma@serra.es.gov.br
Cetas – Centro de Triagem de Animais
Telefone: 27 3241-8374