Surto em hospital: ar-condicionado e água podem ter espalhado infecção misteriosa

Ar-condicionado e água contaminados podem ter causado infecção misteriosa no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória.
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Contaminação na água ou no ar-condicionado pode ter causado surto de infecção misteriosa no hospital. Crédito: Divulgação

As investigações sobre o surto de infecções no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, apontam para uma possível origem ambiental. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os focos podem estar ligados aos sistemas de ar-condicionado e à água utilizada na unidade. A informação foi confirmada em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (27) pelo secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, e pela coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do hospital, Carolina Salume.

Durante a coletiva, Hoffmann explicou que a principal linha de investigação considera que o agente causador da contaminação possa ter surgido em áreas comuns da ala oncológica, frequentadas pelos profissionais afetados.

“Nossa principal hipótese é de uma causa ambiental, como água e filtro de ar-condicionado em alguma ala frequentada pelos profissionais contaminados. Estão sendo feitas análise da água e de amostras de superfície (como mesas e bancadas). Ainda não se sabe se veio de fora (do hospital)”, disse o secretário ao Portal Tempo Novo.

A Sesa já descartou a possibilidade de os casos estarem relacionados à Covid-19 ou aos vírus da Influenza A e B. Agora, os testes se concentram em cerca de 300 possíveis patógenos — entre vírus, fungos e bactérias – para identificar a origem da doença.

Transmissão entre pessoas é improvável, diz secretário

Segundo Hoffmann, a hipótese de transmissão entre pessoas é improvável, já que não houve registro de infecção entre familiares dos profissionais.

“Esses profissionais foram para casa antes de saberem que estavam infectados. Estiveram com suas esposas, seus maridos e filhos e [neste grupo] não há nenhuma investigação”, detalhou.

O secretário também destacou que ainda não é possível afirmar se o microrganismo estava no hospital antes do surto ou se foi introduzido por algum meio externo.

“Recolhemos amostras de água, passamos swab (bastão de testes de saúde) nos aparelhos de ar-condicionado dos setores, mas pode ter sido alguma coisa trazida, de fato, para dentro do hospital. Ainda não tem como concluir. Tudo isso está e continuará em teste”, ponderou.

Os exames estão sendo realizados pelo Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde também enviou técnicos para auxiliar nas análises. A expectativa é que até o fim da semana haja um indicativo mais preciso sobre o agente infeccioso.

Infecção misteriosa e medidas de segurança

As infecções começaram a ser registradas em 19 de outubro, quando profissionais da ala de oncologia apresentaram sintomas semelhantes aos de pneumonia. No dia 24, a Sesa iniciou formalmente a investigação e reforçou os protocolos de segurança tanto no Santa Rita quanto em outros hospitais da Grande Vitória, como a Unimed e o Vitória Apart Hospital.

Até a manhã desta segunda-feira (27), havia 33 profissionais contaminados. Desses, seis permaneciam internados – três em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Um dos casos é considerado grave, mas estável. Além deles, 12 acompanhantes de pacientes estão sob observação em outras unidades de saúde, sem confirmação de infecção até o momento. As amostras biológicas foram encaminhadas ao Lacen/ES para análise.

Protocolos reforçados no hospital

Com a origem do surto ainda indefinida, o Hospital Santa Rita adotou uma série de medidas preventivas. Os bebedouros foram lacrados, procedimentos cirúrgicos suspensos temporariamente e o uso de máscaras voltou a ser obrigatório. Pacientes imunodeprimidos foram transferidos para outras alas, a fim de reduzir o risco de novas contaminações.

A ala oncológica passou por um processo completo de higienização, incluindo a limpeza e substituição de filtros de ar-condicionado e de torneiras.

Mesmo diante do surto, a Sesa assegura que o hospital segue seguro para pacientes e profissionais. Em vídeo publicado nas redes sociais, Tyago Hoffmann fez um apelo para que os pacientes em tratamento oncológico mantenham seus atendimentos normalmente na unidade.

Foto de Gabriel Almeida

Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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