Clarice Poltronieri
A sobretaxação de 25% do aço exportado do Brasil para os Estados Unidos, vai impactar a economia da Serra e do Espírito Santo. Isso porque pode haver uma redução de até 60% nas exportações do aço brasileiro para os Estados Unidos, dependendo do produto, atingindo uma das maiores empresas do Estado e maior instalada na Serra, a ArcelorMittal Tubarão. A informação é do Instituto Aço Brasil.
Mas o impacto pode não ser tão intenso, já que o maior prejuízo será na exportação de produtos acabados, que não é o caso das exportações da Arcelor no ES, que vende 40% das placas de aço produzidas e 10% de bobinas para os americanos. No total as exportações para os Estados Unidos correspondem a 12,5% da produção da siderúrgica de Tubarão.
Mas não é só a ArcelorMittal que deve sofrer. Outros impactos poderão ser sentidos na Vale, empresa instalada ao lado da Arcelor e que fornece a siderúrgica matéria-prima para a produção de aço, o minério de ferro. Além disso, há muitas empresas na Serra que prestam serviços às duas gigantes do complexo industrial de Tubarão.
Para tentar amenizar os impactos, o Brasil acabou aceitando a proposta norte americana do sistema de cotas, que na prática permite que uma parte das exportações ocorra sem a sobretaxação.
De acordo com as novas regras, o limite de exportações (cota) será calculado pela média de exportações de 2015 a 2017. O problema é que o triênio está entre os piores da indústria brasileira do aço. As informações foram divulgadas em boletim do Instituto Aço Brasil. E no caso de produtos acabados, tipo vergalhões, vigas e chapas finas ainda haverá redução de 30% do valor da cota.
A redação solicitou as assessorias da ArcelorMittal Tubarão e Vale avaliação sobre os impactos da medida do presidente Donald Trump sobre as atividades das duas empresas no ES. A Arcelor disse para procurar o Instituto Aço Brasil e a Vale não deu retorno.
Possibilidade de desemprego assusta
Apesar de ainda não ser possível mensurar o tamanho dos impactos na economia do estado e da Serra, é fato que pode haver grande número de demitidos.
Em março, quando ainda se especulava sobretaxa de 25%, o 1° vice-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), José Carlos Zanotelli, demonstrou preocupação. “Não temos os possíveis números de empregos que seriam perdidos caso a sobretaxa se consolide”, disse na época.
Mas se considerado o número de postos formais da Arcelor e Vale, além dos empregos dos fornecedores e prestadores de serviços das duas gigantes, espalhadas nos polos industriais da cidade, é de se preocupar.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos no Estado do Espírito Santo (Sindimetal), Max Célio de Carvalho, afirma que só a ArcelorMittal Tubarão e Vale geram quase 15 mil empregos diretos no estado, muitos na Serra, já que parte das gigantes está instalada no município.
“Só na Arcelor são cerca de 7,5 mil trabalhadores e mais 8 mil na Vale, fora os terceirizados. Se houver redução da produtividade, consequentemente haverá dos postos de trabalho”, analisou.