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Setor de rochas ornamentais já matou 189 trabalhadores

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Vanderlea Caldeira, de Jacaraípe, perdeu seu filho Jhonatam de 30 anos esmagado por placas de pedra no Civit I. Foto: Joatan Alves

Clarice Poltronieri

O setor de rochas ornamentais do país tem na Serra seu principal parque de beneficiamento, sendo também a cidade a maior exportadora entre os municípios capixabas. Apesar da importância econômica, as mortes, mutilações em acidentes de trabalho e doenças ocupacionais estão entre os passivos sociais gerados nessa cadeia produtiva, que para a Serra gera pouco menos de R$ 100 mil por mês em ISS, conforme dado da Prefeitura.

A assessoria do sindicato de trabalhadores do setor, Sindimármore, registrou de 1996 até 2016 um total de 189 mortes por acidente de trabalho, tanto no setor de extração quanto no de beneficiamento em todo o Estado.

Só de 2015 para cá, já foram contabilizados 18 mortes, 773 acidentes no local de trabalho, 126 no trajeto e 31 casos de doenças ocupacionais, segundo o Sindimármore. A entidade não soube especificar os números relativos à Serra.

O Ministério Público do Trabalho do Espírito Santo informou, via assessoria, que de 2012 a 2016 foram feitas 61 denúncias de acidentes de trabalho no setor. A partir delas, foram firmados 18 Termos de Ajuste de Conduta com empresas, instaurados 54 Inquéritos Civis e cinco Ações Civis Públicas, além de ter mais cinco casos em acompanhamento.

Quem já perdeu alguém no setor sabe o tamanho do sofrimento.

Vanderlea Caldeira Rocha, de Jacaraípe, perdeu seu filho Jhonatam Pezzin Caldeira em junho de 2015. “Ele tinha 30 anos. Era operador de ponte rolante numa empresa no Civit, mas trabalhava no container como estufador, sem preparação nenhuma. Foi esmagado pelas chapas de granito. Atuava no setor há mais de 10 anos, mas nesta empresa estava há três meses. Fui avisada por telefone. Ele deixou um filho de cinco anos. Nada apaga nossa dor”, desabafa.

O funcionário de outra graniteira da cidade, também se acidentou recentemente. Sob a condição do anonimato, ele contou como a atividade é arriscada. “Mesmo com experiência de 16 anos na área, tive uma queimadura por produto químico. Na indústria é comum, mas dá para evitar a maioria dos acidentes, basta ter um pouco mais de cuidado por parte do funcionário e das empresas”, observa.

Uma ex-funcionária do setor administrativo de uma empresa de beneficiamento no Civit, também sob a condição de não ter o nome divulgado, disse que os acidentes são frequentes. “Os acidentes são comuns e a orientação da empresa era negociar direto com a família e não deixar a informação vazar. Resolvíamos tudo lá dentro. Nas pedreiras a situação é ainda pior”, denuncia.  

Poeira petrifica pulmão e leva à morte 

Além dos acidentes, ainda há risco de doenças ocupacionais crônicas. A mais grave é a silicose. Presidente da Sociedade de Pneumologia do Espírito Santo, a médica Ciléia Martins, diz que a silicose é ligada à exposição de jatos de areia ou rochas e impacta qualquer pessoa exposta dependendo do grau e tempo de exposição.                       

“Ocorre pela falta de prevenção de segurança do trabalho, como uso de máscaras, que leva à deposição de micropartículas de pó nos alvéolos e causa fibrose pulmonar. Tenho alguns casos, mas hoje são bem menos, devido à cobrança maior na supervisão das normas de segurança. Por ser incurável, aumenta o índice de aposentarias precoces por invalidez e risco de adquirir a tuberculose , agravando mais a perda da função pulmonar. É dispendiosa, pois gera muitas internações por  doenças secundárias e tem alto índice de mortalidade”, esclarece.

Ela frisa que para evitar, é necessário fazer o uso correto das máscaras, radiografias e espirometrias dos trabalhadores expostostanto na admissão quanto periodicamente.

O Sindicato das Empresas de Rocha (Sindirochas) preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

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