“Será mais um vírus no repertório da gripe”, diz médico Gustavo Peixoto sobre o coronavírus

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Dr. Gustavo Peixoto foi um dos coordenadores do movimento “Vem pra rua”. Foto: Divulgação
Dr. Gustavo Peixoto é médico. Foto: Divulgação

O médico Gustavo Peixoto é Cirurgião, professor da Ufes, um dos maiores especialistas do país em cirurgia bariátrica e diretor da Unimed Vitória. Está totalmente envolvido em combater os efeitos negativos da pandemia do coronavírus, aqui no Estado.

Dr. Gustavo, o pico da pandemia chega quando aqui ao Estado?
O distanciamento social tem sido eficiente em postergar o pico da epidemia. Atualmente, a previsão é de que seja em maio.

Qual é a cidade que mais preocupa?

As cidades com maior aglomeração de pessoas, podemos observar que em cidades com maior densidade populacional, como Nova Iorque, a doença ocorre de forma mais “explosiva”. Também preocupam as cidades com poucos recursos hospitalares.

Pelas estatísticas que se tem hoje, é possivel prever o número de mortes que devemos ter aqui?
Não é possível por diversos fatores: 1- o vírus sofre mutações e pode apresentar comportamento diferente em locais diferentes; 2- tivemos tempo para nos preparar (aumentar leitos, providenciar material de consumo…); 3- atualmente temos mais informações sobre o vírus; 4- vários estudos com diversos medicamentos estão ocorrendo no mundo. Esses fatores provavelmente influenciarão para que tenhamos proporcionalmente menos mortes que em outros países que enfrentaram a epidemia antes.

Nossa estrutura hospitalar está preparada para enfrentar a pandemia?
Tivemos um tempo precioso para preparação, e várias medidas foram tomadas, mas a capacidade de atender a todos vai depender da velocidade em que a população será infectada, por isso a importância do distanciamento social, ele diminui a velocidade de propagação da doença.

Após passar a pandemia, o Covid 19 vai embora ou vai ficar por aí, como o Influenza e o H1N1?
Será mais um vírus do repertório da gripe.

É possível estimar um prazo para que o Covid 19 caia para patamares baixos e que deixe de representar perigo para a população?
Estimamos que no segundo semestre a situação estará bem controlada no Brasil.

O pico vai chegar graças à manifestação do vírus nas pessoas já contagiadas; por novos contágios ou os dois?
Os dois. Acrescido de um fator muito importante na disseminação viral do COVID-19: muitos que adquirem o vírus ficam sem sintomas. Portanto, sem saber que está doente, acaba contaminando várias outras pessoas. Por isso é importante todos agirmos como se estivéssemos doentes, usando máscara, mantendo distância e abusando da higiene pessoal. Somente assim o combate ao vírus será efetivo.

O ideal é as pessoas manterem o isolamento social, principalmente as pessoas inseridas em grupos de risco ou indistintamente?
O distanciamento social vale para todos os que puderem fazer, algum tem condições de ficar mais isolados, outros, pela atividade que exercem não podem (profissionais da saúde, segurança, abastecimento, etc…) e devem redobrar os cuidados pois acabam sendo os mais susceptíveis à adquirir o COVID19. Para os idosos, diabéticos, imunossuprimidos, obesos mórbidos as medidas de distanciamento são essenciais para diminuir a mortalidade.

O senhor, como médico especialista em bariátrica, o que recomenda para quem se submeteu a cirurgia ou que encontra-se em um quadro de obesidade?
Quem fez a bariátrica há mais de 3 meses, perdeu peso e controlou suas comorbidades (diabetes, hipertensão) foi muito beneficiado pelo procedimento. Os que estão na situação de obesidade mórbida devem ter precaução redobrada pois a mortalidade em obesos mórbidos é muito maior do que em indivíduos saudáveis. Os obesos mórbidos costumam apresentar as formas mais graves do coronavírus.

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Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 21 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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