Projeto leva congo, identidade cultural e educação antirracista para escola da Serra

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O Congo na Escola já percorreu diversas comunidades da Serra, como Jacaraípe, Cascata e Putiri. Crédito: Divulgação

Nesta terça-feira (26), o projeto Congo na Escola realiza uma Mostra Cultural na Escola Estadual Professora Adevalni Azevedo, em Campinho da Serra II. A atividade reúne alunos, familiares e mestres do congo em uma celebração de cultura, história e educação.

O objetivo do projeto é preservar, valorizar e difundir uma das manifestações culturais mais importantes do Espírito Santo — o congo —, integrando ao currículo escolar conteúdos relacionados à história e à cultura afro-brasileira e indígena.

História e origem do projeto

Criado em 2004, o projeto nasceu a partir de ações pioneiras desenvolvidas em escolas da Serra-Sede, idealizado pelo professor e mestre José Carlos Miranda Filho (in memoriam), presidente da Banda de Congo Konchaça.

Desde então, o Congo na Escola já percorreu diversas comunidades da Serra, como Jacaraípe, Cascata e Putiri, sempre em parceria com mestres tradicionais, aproximando estudantes da riqueza cultural de suas próprias origens.

A nova fase do Congo na Escola

Atualmente, o projeto está ativo na Escola Estadual Profª Adevalni Azevedo, envolvendo mais de 30 estudantes do 5º ao 9º ano. As oficinas são conduzidas por Deivid Nascimento Soares — presidente da Associação das Bandas de Congo da Serra —, junto com Valdir Silva (Didico), antigo integrante da banda de Campinho, e o mestre Délio Onorio de Jesus.

Durante os encontros, os jovens aprendem sobre a história, os ritmos, os cantos e as danças do congo, vivenciando também a prática com instrumentos típicos como casaca, tambor, cuíca, bumbo, triângulo, pandeiro, chocalho, caixa e apito.

Mais do que uma oficina de música, o projeto atua como um espaço de formação cidadã, incentivando o respeito à diversidade, a consciência histórica e a valorização do patrimônio imaterial.

Mostra Cultural e impacto social

A Mostra Cultural desta terça-feira (26) será o momento em que os alunos apresentarão para colegas, familiares e moradores da comunidade o que aprenderam ao longo das oficinas, consolidando o conhecimento adquirido.

Segundo Deivid Nascimento Soares, presidente da Associação das Bandas de Congo da Serra, o projeto vai além da música. “O Congo na Escola é um marco de resistência e identidade. Levar essa tradição para dentro da sala de aula fortalece nosso compromisso com uma educação antirracista, inclusiva e conectada com os territórios. É emocionante ver crianças e adolescentes de uma comunidade que já abriga uma das bandas de Congo mais antigas da Serra se reconhecerem nesse patrimônio. A escola abre as portas, a comunidade abraça e juntos construímos memória e pertencimento. É assim que se garante o futuro da nossa cultura.”

O projeto é desenvolvido pela Associação das Bandas de Congo da Serra, com apoio do Edital da Lei Paulo Gustavo nº 005/2023. Ele está alinhado às Leis Federais 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatória a inclusão da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar.

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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