A produção industrial capixaba teve o pior resultado do país dentre os estados pesquisados. De acordo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em maio,a produção industrial do Espírito Santo teve queda de 2,2% em relação a abril e de 17,4% em comparação a maio de 2018. Cenário que pode agravar o quadro de desemprego provocado pela crise nacional e a paralisação da Samarco, em novembro de 2015.
Segundo o IJNS, o desempenho ruim foi puxado pelos setores de mineração, óleo e gás natural, celulose e metalurgia. Todos eles com empresas atuando na Serra, o município mais industrializado do estado. Fato que deixa lideranças locais preocupadas.
Caso do secretário municipal de Desenvolvimento, José Eduardo Azevedo. Para ele, se o cenário persistir, pode haver fechamento de empresas e demissões. O secretário pontua que há uma preocupação especial com a siderurgia e rede de fornecedores e prestadores de serviço após a queda da produção de minério da Vale, desde o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em janeiro. O setor é pilar da economia não só da Serra como do estado.
“O setor siderúrgico vem sentindo algumas dificuldades, especialmente com o preço da matéria-prima, que subiu após a tragédia de Brumadinho. Ainda não observamos fechamentos de indústrias e desemprego, mas se o quadro se perpetuar, isso pode acontecer. Junto com isso, vemos um quadro nacional de queda na expectativa de retomada da economia”, explica Azevedo.
Por outro lado, o secretário vê com otimismo obras na Arcelor para reduzir o pó preto e futuros projetos da empresa para a expansão produtiva, como o anunciado LTF (Laminador de Tiras a Frio). “Temos outros setores, como centros de distribuição, logística, crescimento do comércio e serviços que estão compensando as dificuldades da indústria, e a expectativa é de que vamos passar 2019 com saldo de empregos positivos. Os investimentos da Arcelor de melhoria e ampliação do processo produtivo também trazem otimismo”, conclui.
Celulose, minério e petróleo em baixa
Por email, o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, disse que a falta de eucalipto e de minério de ferro impulsionaram a queda. Mas ponderou que não são setores tão intensivos de mão de obra; por isso, a indústria capixaba segue com saldo positivo de geração de empregos neste ano.
“A unidade da Suzano, em Aracruz, sofre com a escassez de matéria-prima. Essa foia indústria que apresentou a maior queda proporcional.Depois, vem a indústria extrativa, o efeito da maturidade dos campos de petróleo no Espírito Santo e os efeitos do acidente em Brumadinho, que repercute no abastecimento das usinas da Vale e na produção”, enumera Léo.
Queda na produção por setor entre maio 2019/18
Indústria extrativa –32,2%
Indústria de Transformação –13%
Metalurgia –9,6%
Valor global -17,4%
Fonte: IJNS