A Estação de Produção de Água de Reúso (EPAR), projeto que pretende bombear os dejetos da Estação de Esgoto de Camburi para a Serra, só sairá do papel se houver “significativas contrapartidas” para o município. Foi o que informou a Prefeitura da Serra, que também defende a mudança no traçado original da tubulação.
A coluna voltou a cobrar informações da administração municipal para atualizar o caso, que ainda está em debate interno. O projeto é articulado pela Cesan, que promoveu um leilão internacional para concessão do serviço, vencido pelo consórcio GS Inima.
Na prática, o objetivo é transferir o esgoto que hoje chega à Estação de Camburi para uma nova unidade a ser construída no bairro São Geraldo, na Serra, em uma área doada pela ArcelorMittal. Lá, os dejetos seriam tratados e transformados em água de reúso para fins industriais, a ser vendida principalmente para a ArcelorMittal e a Vale, as duas maiores consumidoras individuais de água da Grande Vitória.
O projeto prevê a produção de 391,5 litros por segundo de água de reúso e, ao mesmo tempo, possibilita a devolução da área da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Camburi — o popular “Pinicão de Camburi”, localizado na Dante Michelini. O espaço soma cerca de 400 mil m², incluindo terrenos e áreas verdes. Em 2022, a Zurich Airport, concessionária do Aeroporto de Vitória e proprietária do terreno, chegou a apresentar um macroprojeto urbano que considera a região como uma nova centralidade da capital.
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As tratativas vêm sendo conduzidas na alta cúpula do Governo e chegaram a ter a ordem de serviço assinada em um evento empresarial em Nova York. Porém, quando o projeto foi afunilado para a Serra, em julho deste ano, esbarrou na insatisfação de lideranças políticas e comunitárias do município, além de técnicos da Prefeitura, que questionaram a falta de informações e de diálogo. Desde então, o projeto está em tramitação na Prefeitura, que até o momento não concedeu as licenças de obra e de operação.
A coluna procurou a Cesan para falar sobre o assunto. A empresa respondeu por meio de nota que todas as etapas necessárias, relacionadas ao projeto, estão em andamento. Priorizamos e seguimos com diálogo permanente com a Prefeitura da Serra. Todo o progresso, bem como, atualizações concretas referentes a este importante projeto para o município, serão comunicados pela Cesan e pela subconcessionária, conforme os avanços.
Serra condiciona avanço da EPAR a contrapartidas e cobra mudanças no projeto
A Prefeitura da Serra informou que segue em diálogo com a Cesan, o Governo do Estado e a empresa responsável pelo projeto da Estação de Produção de Água de Reúso (EPAR). As negociações abrangem aspectos técnicos e sociais, incluindo o traçado do empreendimento, as contrapartidas ao município, o detalhamento técnico, a qualidade da água a ser tratada e a destinação do excedente hídrico.
Segundo o município, o traçado atual ainda está em análise e poderá sofrer alterações. A principal preocupação é compatibilizar as tubulações previstas para a EPAR com o projeto da Terceira Via, obra viária considerada estratégica para a mobilidade da região.
A Prefeitura reforçou que todas as questões estão sendo debatidas de forma “intensa e transparente” com as partes envolvidas, incluindo a Câmara de Vereadores da Serra. O objetivo é garantir “contrapartidas significativas”, como investimentos “em educação e a atenção às demandas apresentadas por lideranças comunitárias”.
No entanto, o Executivo municipal destacou que não há acordo finalizado até o momento. As negociações continuam em andamento e, segundo a gestão, somente após a construção de uma solução que “beneficie a Serra” nos âmbitos ambiental e social, o tema será levado oficialmente à população por meio de audiência pública.

