A Polícia Civil detalhou, nesta quinta-feira (28), as investigações sobre o ataque a tiros que matou a menina Alice Rodrigues, de seis anos. O crime ocorreu no último domingo (24), no bairro Balneário de Carapebus, na Serra. Seis pessoas foram presas e outras três estão foragidas, todos com ligação direta ao Primeiro Comando de Vitória (PCV).
O crime tinha como principal objetivo executar um gerente do tráfico que atuava no Balneário de Carapebus. O bairro é atualmente controlado pelo Terceiro Comando Puro (TCP) e se tornou alvo do Primeiro Comando de Vitória (PCV), que tenta expandir sua atuação e assumir o domínio do tráfico na região.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, o crime foi orquestrado em três níveis de participação: mandantes, intermediários e executores.
Quem mandou?

A ordem para o ataque partiu de três líderes do PCV, já identificados e com mandados de prisão em aberto:
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- Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho, o Serginho Kauã;
- Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior, o Bequinha;
- Ryan Alves Cardoso, o R7.
Os três estão foragidos e, segundo a investigação, fugiram para o Rio de Janeiro para escapar de operações policiais no Espírito Santo. Eles são apontados como os responsáveis por determinar o alvo e autorizar a execução do ataque.
Sandi Mori confirmou que até o momento 12 pessoas foram identificadas.
“Nós conseguimos identificar até o presente momento 12 indivíduos que participaram efetivamente do crime, podendo surgir outros envolvidos ainda durante a investigação. Foi divulgado um organograma onde estão os mandantes, entre eles Sérgio Raimundo, o Serginho, que comanda o tráfico em Viana e no bairro São Diogo, na Serra, além de Carlos Alberto, o Bequinha, e Ryan Alves, o R7, todos do alto escalão do PCV”, disse ao Portal Tempo Novo.
Quem organizou?

Na segunda linha da hierarquia, estão os intermediários, que receberam ordens dos mandantes e organizaram a ação criminosa:
- Marlon Furtado Castro;
- Maik Rodrigues Furtado, conhecido como MK;
- Marina de Paula dos Santos.
Os três foram presos. De acordo com a polícia, coube a eles repassar instruções, providenciar armas e munições, selecionar os executores e definir a logística do ataque. Na residência da advogada Marina, companheira de Marlon, foram apreendidas 100 munições calibre 9 mm, 20 munições calibre 556 (para fuzil) e uma caderneta de anotações do tráfico.
“Quando chegamos à residência de Marina, percebemos que o portão estava encostado e as luzes acesas. No quarto do casal apreendemos 100 munições de calibre 9 mm e 20 de calibre 556, compatíveis com as usadas no homicídio da criança. Também encontramos uma caderneta de anotações sobre o tráfico de drogas e imagens que mostram o casal fugindo do local instantes antes da chegada da polícia”, disse Rodrigo Sandi Mori.

Quem executou?
Na ponta final da estrutura estão os executores diretos. Um deles, Pedro Henrique dos Santos Neves, preso em flagrante, confessou ter participado dos disparos. Outros três executores já foram identificados, mas ainda não foram localizados.
Além dele, atuaram no ataque:
- Arthur Folli Rocha – preso, funcionava como olheiro, monitorando a movimentação de viaturas;
- Izaque de Oliveira Moreira – preso, tinha a função de garantir a fuga dos atiradores após o crime.
Como foi o ataque a tiros que matou uma criança na Serra?

Segundo o delegado, os criminosos foram ao bairro Balneário de Carapebus para executar um gerente do tráfico rival, ligado ao TCP (Terceiro Comando Puro). Eles percorreram duas vezes a Rua Cássia, conhecida como ponto de venda de drogas, mas não localizaram o alvo.
Na saída do bairro, o carro em que estavam colidiu com um Peugeot preto ocupado pela família de Alice. O veículo foi confundido com o do alvo, um Renault Kwid preto. Do interior do carro, os criminosos abriram fogo contra a família.
O tiroteio só cessou quando o pai de Alice desceu do veículo implorando para que parassem, pois havia uma criança e uma gestante no carro. Mesmo assim, a menina foi atingida e morreu. Os pais ficaram feridos de raspão.
Na fuga, os suspeitos foram filmados correndo armados com pistolas 9 mm e um fuzil calibre 556. Eles ainda lançaram uma granada, numa demonstração de força da facção.
Indiciamentos dos criminosos na Serra
Os seis presos foram indiciados por homicídio qualificado, com as agravantes de motivo torpe, perigo comum, uso de arma de fogo de uso restrito, impossibilidade de defesa da vítima e por se tratar de menor de 14 anos.
Eles também responderão por dupla tentativa de homicídio contra os pais de Alice. Além disso:
- Pedro Henrique foi autuado por porte ilegal de arma e resistência;
- Izaque por porte ilegal de arma;
- Marlon e Marina por posse de munições de uso restrito.
As investigações continuam para prender os três foragidos e identificar outros possíveis envolvidos.

