A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, concluiu as investigações sobre seis homicídios registrados entre abril e novembro de 2024 no bairro Jardim Carapina. Durante as apurações, 13 suspeitos foram identificados, sendo que 10 já estão presos.
Segundo o delegado titular da DHPP da Serra, Rodrigo Sandi Mori, cinco dos seis homicídios foram motivados pelo tráfico de drogas e somente um por motivo fútil. “Jardim Carapina sempre esteve entre os três bairros mais violentos da Serra e também entre os mais violentos do Estado. Por isso, as ações investigativas e de inteligência têm sido reforça das na região”, explicou o delegado ao Tempo Novo.
Entre os casos apurados, o homicídio que mais impactou a comunidade foi o de Pablo Diógenes, ocorrido no dia 7 de abril de 2024, motivado pela suspeita, por parte dos criminosos, de que a vítima estaria envolvida na morte de uma pessoa próxima a eles, hipótese descartada pela Polícia Civil durante as investigações.
Segundo as investigações, a vítima foi atraída para o bairro pela própria companheira extraconjugal, Ágatha Nascimento, de 20 anos, que atuou como intermediária do crime. Ela teria sido aliciada pelos traficantes, Felipe Barreto, conhecido como “Barretinho”, e Wiglisson Cardoso, ambos ligados ao tráfico local. Em troca de R$ 5 mil, Ágatha convenceu Pablo a ir ao bairro, onde foi executado pelos criminosos.
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Felipe foi preso durante a Operação DHPP Zero, realizada em Vitória. Ágatha também chegou a ser detida, mas responde ao processo em liberdade por estar grávida e ter filhos pequenos. Wiglisson, que participou da execução, acabou sendo morto semanas depois, em maio, também em Jardim Carapina, condenado a morte por traição ao Primeiro Comando de Vitória (PCV).
Outros homicídios
As investigações apontaram ainda que os homicídios ocorridos em 2024 resultaram principalmente de disputas entre grupos criminosos rivais que atuam na região. Três homicídios foram liderados por Lázaro Silva Muniz, o “Popeye”, e dois atribuídos à gangue do BDF, chefiada por Matheus “Boca Preta”, preso no estado do Rio de Janeiro. Além do caso de Pablo, foram elucidados os assassinatos de Luís Henrique Batista da Silva (27 de abril), João Paulo Medeia Damacena (15 de novembro) e Raulino Souza Dias (19 de novembro), todos motivados pela guerra do tráfico.
“O Lázaro comandava as bocas de fumo de diversas localidades do bairro Jardim Carapina. Com a prisão dele, nós conseguimos desestruturar a hierarquia de algumas bocas de fumo. Além de ordenar a morte de desafetos, ele também costumava a ameaçar moradores da região”, explicou o delegado.
Já o assassinato de Robson de Oliveira Gomes, ocorrido no dia 20 de novembro de 2024, foi motivado por uma brincadeira feita em um bar, da qual o autor não gostou. O crime, classificado como de motivo fútil, teve como acusado Uadson Santos, conhecido como “Tim”, de 58 anos, preso pela Polícia Civil.
O delegado lembrou que, apesar da violência persistente, o trabalho da DHPP tem mostrado resultados. “Em 2020, realizamos uma grande operação que prendeu 20 envolvidos em homicídios anteriores. O bairro chegou a ficar mais de um ano sem registrar assassinatos. Nosso objetivo é repetir esse resultado e devolver a sensação de segurança à comunidade”, completou.
Prisões
Ao todo, 10 suspeitos foram presos durante as investigações conduzidas pela DHPP da Serra. Entre eles estão Felipe Barreto, o “Barretinho”; Ágatha Nascimento, que responde em liberdade; Everton Júnior Pena Nunes, o “Goe”; Lázaro Silva Muniz, o “Popeye”, apontado como mandante de dois homicídios; Marlon Nascimento da Conceição, o “Marlin”; Daniel Bredoff Firmino, o “Ceará”; Luiz Gustavo de Souza Sobrinho, o “Gustavinho”; Talysson Filipe Lima da Silva, o “Talyssinho”; e Uadson Gomes Santos, o “Tim”, preso por um homicídio motivado por desentendimento pessoal.

