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Pó preto é matéria-prima para arte contra poluição

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Kléber tem 71 anos, é pintor, restaurador e ativista capixaba. Foto: Bruno Lyra

Há 23 anos o pintor capixaba Kléber Galveas faz do pó de minério lançado no ar da Grande Vitória pelas siderúrgicas de Tubarão (Vale e ArcelorMittal) matéria-prima para pintar quadros. A ação faz parte do projeto “A Vale, a Vaca e a Pena”. Como define o próprio Kléber, trata-se de uma provocação artística para chamar atenção para o problema da poluição do ar provocado pela siderurgia na região metropolitana.

O quadro de 2019 tem o tema “Brumadinho, Mariana, Vitória: Derrota”. Segundo Kléber, alude ao rompimento das barragens nas duas cidades mineiras em 2019 e 2015, respectivamente, e ao cotidiano dos moradores da Grande Vitória. Para o artista, a situação dos capixabas é até mais grave, pois recebem há mais de 50 anos doses cotidianas de minério de ferro em seus sistemas respiratórios.

Para compor a obra, Kléber deixa uma tela em branco exposta por 50 dias na varanda da sua casa na Barra do Jucu, em Vila Velha, localizada cerca de 13 km a sul das instalações de Vale e Arcelor na ponta de Tubarão, entre Vitória e Serra. A varanda é coberta e o quintal, repleto de árvores, entre espécies de mata Atlântica e frutíferas exóticas tradicionalmente usadas nos arredores das antigas moradias no Espírito Santo.

O pó preto vem com o vento e se precipita sobre a tela. Com as mãos, Kléber usa o pó depositado para montar a composição. A pintura da 23ª edição do projeto foi feita na última segunda (06) e está exposta no ateliê do artista – que fica em anexo à sua residência -, junto aos quadros pintados nas edições anteriores do “A Vale, a Vaca e a Pena”. Interessados podem conferir pessoalmente até o próximo dia 6 de junho. A entrada é franca, inclusive para grupos escolares. As obras também podem ser vistas no site www.galveas.com.

O Tempo Novo conversou com o artista sobre o projeto e sua dedicação na luta pela redução do pó preto na Grande Vitória. Confira:

Por que enfatizar a palavra derrota nesta edição?

Todo mundo sabe da importância da Vale. Mas essa derrota começou a ser construída desde os anos 1970. Na época, houve reação do Ruschi (Augusto), do Massena (Homero), do Michel Bergman, apontando a impropriedade daquele local (Tubarão) para projeto siderúrgico, por causa dos ventos e da posição das áreas mais habitadas da Grande Vitória. E se agravou na década de 2000, quando Paulo Hartung autorizou dobrar a produção. 

Nesses 23 anos, você notou melhoria no cenário?

Só vi piora no cenário. Principalmente na imprensa. No primeiro ano do projeto (A Vaca, a Vale e a Pena), como a empresa ainda era do governo – situação em que todo mundo mete o pau à vontade -, as cinco emissoras de televisão estavam no dia do lançamento. Vinte e três anos depois, quando você tem um extrato mais longo e interessante do projeto, há menos interesse da imprensa. Lembro quando comecei esse trabalho, um artista no Japão fez algo semelhante espalhando lençóis brancos por Tóquio para coletar a poluição. Isso repercutiu no mundo inteiro. Até aqui. 

Agora, Vale e Arcelor anunciaram investimentos bilionários para reduzir o pó preto até 2023…

Isso elas falam desde o início das operações. Um fato que eu vivi em 1998, segundo ano do projeto, Luciano Rezende era vereador de Vitória, presidente da Comissão de Meio Ambiente. Ele me chamou para expor esses trabalhos durante audiência pública. Lá, tinha um homem que tentava expor um projeto de barreiras de vento para diretores da Vale. Cheguei no pessoal da Vale, perguntei se conheciam o projeto do homem. Um deles me disse que se o adotassem iria piorar a poluição, pois criaria um movimento ondulatório no vento e iria jogar o pó mais distante, em cima de Vitória e Vila Velha. E o vento vai criar no pós-cerca uma zona de baixa pressão, e aí vai facilitar a ascensão do pó preto na atmosfera. Dez anos depois, fizeram as cercas com o nome de wind fence. 

Com o novo governo federal, pode haver alguma melhoria no controle do pó preto?

Não vejo nenhum sinal.

         

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