
Na tarde desta quinta-feira (4) o Ministério Público Federal (MPF) fez uma denúncia preocupante para o Espirito Santo.
O órgão disse em sua denúncia que o governo do Estado pode estar maqueando os dados oficiais publicados no Painel Covid-19 a respeito da oferta de leitos de UTI disponíveis e orienta fazer remanejamento entre regiões do Espírito Santo para que não haja desassistência médica.
De acordo com o MPF já há regiões no estado onde não há mais vagas para atender pacientes com o novo coronavírus.
De acordo com o órgão, o governo do Espírito Santo criou a página https://coronavirus.es.gov.br/, na qual constam, entre outros, dados sobre a ocupação de leitos no estado, com detalhamento por região de saúde e por hospital. Segundo o órgão, essas informações estão incorretas e pautam estratégias de saúde pública igualmente equivocadas.
A ação demonstra que houve recusa de pacientes em hospitais devido ao atingimento de 100% da capacidade operacional em leitos de UTI específicos para covid-19 de alguns hospitais, sendo que o portal do estado ainda indicava a existência de vagas. Um exemplo foi o caso noticiado pela imprensa informando que, em 21 de maio, o município de Guaçuí registrou duas mortes por covid-19 de pacientes que deixaram de ser atendidas na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim por falta de leitos de UTI.
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Questionada pelo MPF, a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim informou que chegou a atingir 100% da ocupação de leitos de UTI para pacientes com covid-19, motivo pelo qual, em 21 de maio deste ano, foram negadas vagas de UTI a oito pacientes de municípios do sul do estado, entre eles, as duas pacientes que vieram a falecer em Guaçuí.
No entanto, nesse mesmo dia, conforme dados constantes do Portal Covid, atualizados até 18h05, no link https://coronavirus.es.gov.br/leitos-uti, o índice de ocupação de leitos de UTI covid-19 no sul do estado era de apenas 59,32%.
Outro ponto refere-se aos leitos sem condições de funcionamento (por falta de EPI) ou leitos que não se prestam ao atendimento de pacientes adultos, como ocorreu com o Hospital Evangélico de Itapemirim e o Hospital Infantil Francisco de Assis de Cachoeiro de Itapemirim, respectivamente. Mesmo assim, esses leitos foram computados nas estatísticas publicadas pelo estado como leitos de UTI covid-19 disponíveis. Excluindo-se tais leitos sem funcionamento e impossibilitados de receber pacientes adultos, em 29 de maio deste ano, ao invés dos 50,88% de ocupação de leitos de UTI noticiados pelo estado, tinha-se na realidade ocupação de 82,35%.
O TEMPO NOVO procurou a Secretaria de Estado da Saúde que disse que a resposta será dada pela Procuradoria Geral do Estado.
A reportagem demandou a Procuradoria e assim que a demanda for respondida será publicada neste espaço.

