Bruno Lyra
A Associação de Moradores do bairro Pitanga entrou com ação junto ao Ministério Público Estadual para impedir que uma pedreira abandonada do bairro e aos pés da área de Proteção Ambiental do Mestre Álvaro vire depósito de rejeitos da Vale.
De acordo com o líder comunitário local, Luiz Henrique Ribeiro Fernandes, mais conhecido como ‘Zica’, a ação foi protocolada no último dia 14 de abril, logo após circular a informação de que o local seria usado pela mineradora.“Além do perigo de contaminar a nascente do córrego que passa no bairro, o canal dos Escravos, temos medo que o local se rompa igual aconteceu em Mariana-MG”, argumenta.
A área da pedreira está sob a responsabilidade da empresa especializada em gestão de resíduos, a Marca Ambiental, e possui licença emitida pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) em 31/10/17 para operar rejeitos com as características do que a Vale precisa descartar.
A Vale vai retirar o minério de ferro que jogou na praia de Camburi. Além do minério, o material deve vir misturado com a areia e sal marinhos. A retirada faz parte de um acordo que a empresa fez com os ministérios públicos Federal e Estadual, Prefeitura de Vitória e Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) para recuperar a praia e em troca ter suspensas ações na Justiça em que é ré.
Dentre as medidas, a mineradora também fará um parque de lazer e uma área de preservação ambiental no norte do balneário da capital, na área vizinha a Tubarão. A retirada do minério está sob análise e deverá ser autorizado pelo próprio Iema. Em março o órgão revelou que serão retirados 36 mil m3 de resíduos. Para isto serão necessárias 1.188 viagens de caçamba longa com capacidade de 30 m3 cada. Como serão 5 viagens por dia, o translado deve durar mais de 7 meses.
A assessoria de imprensa do Iema disse, no final da tarde de ontem (24) que o órgão ainda não definiu como será a retirada e para onde irão os rejeitos. Já a assessoria da Vale informou que aguarda aprovação do plano de trabalho para a redução dos resíduos por parte do Iema. E não revelou para onde eles podem ir. Por sua vez, a assessoria da Marca Ambiental disse que não há contrato entre a empresa e a Vale para a destinação de resíduos no local.
Porém, confirmou que a área será usada para depósito de resíduos classe II (não inertes).