Clarice Poltronieri
O setor metalmecânico é um dos mais expressivos da Serra, cidade que concentra 129 empresas e gera 38% dos empregos gerados pelo segmento no Estado. Nesta semana a cidade recebeu a Mec Show, principal feira do setor e Tempo Novo conversou com coordenador do evento e presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Durval Vieira de Freitas. Ele expôs a situação atual e os rumos do setor.
Qual estimativa de negócios durante a Mec Show?
Houve rodada de negócios coordenada pelo Sebrae com 21 empresas compradoras e 80 fornecedores. Também houve rodada de demandas da Petrobras com painel offshore e sessão onshore. O estado produz 400 mil barris de petróleo por dia, sendo 95% no mar e 5% em terra. Esses 5% dão muita oportunidade, pois há mais demanda de mão de obra e de equipamentos mais simples. Mas ainda não temos números.
Quais novidades foram apresentadas na feira?
Painel de quatro startups falando das dificuldades e superação. Três robôs que atuam em profundidade no mar, os expostos atingem até 300m, mas estão sendo trabalhadas tecnologias para chegarem a 3 mil . Óculos de realidade virtual simulando uma plataforma de petróleo. Esse é nosso grande objetivo na Mec Show, levar conhecimento. E permitir que se façam negócios de maior valor agregado.
São quantas empresas do setor no ES e na Serra?
No ES são cerca de 1,3 mil empresas que geram 25 mil empregos diretos e 100 mil indiretos. Representam de 17 a 20% do PIB do ES. Na Serra, são 129 empresas fornecedoras diretas daArcelor, Vale e Petrobras. A estimativa é de 30 funcionários por empresa. Não entram contagem pequenas empresas como serralherias que fazem grades e portões para residência, por exemplo. Embora estas sejam de metalmecânica, a contabilidade é das empresas que fornecem ou prestam serviços as grandes indústrias.
Quais potenciais e gargalos no município?
O setor não é mais um fornecedor local, mas do mercado brasileiro de siderurgia, mineração, celulose, petróleo e gás. Precisa trabalhar mais desenvolvimento de mercado. Também há carência na qualificação de mão de obra, logística, infraestrutura (energia, água) e mobilidade.
E o impacto da paralisação da Samarco no setor?
Impactou muito principalmente na região sul, mas tem ressonância no estado todo.
Há quem veja sinais de declínio do parque minero siderúrgico do ES e MG e a paralisação da Samarco e o declínio da Vale com a EF – 118 seriam dois deles. O senhor concorda? Como o setor metalmecânico deve se adaptar, que rumos?
Não. Temos uma reserva mineral muito grande. Esses impactos infelizmente causaram mortes que nos deixam muito tristes, mas por outro lado eles exigem do setor novas tecnologias e que vão trazer bons resultados. Isso está sendo estudado para melhorar a segurança, o respeito ao meio ambiente. Lá mesmo no Pará foi feito um projeto para 90 milhões de toneladas de minério, que é todo a seco (S11D), e tem possibilidade de mercado e recurso. Quanto à ferrovia, é um problema nosso, depende da nossa luta. Se nós ficarmos calados, eles passam por cima da gente sorrindo.
Investimentos anunciados por Vale e Arcelor para conter poluição devem gerar qual volume de negócios e empregos no setor?
A Vale falou em R$1,3 bi de investimentos e 1,5 mil empregos na obra; Arcelor, R$700 mi e 1mil empregos, e mais de 70% serão voltados à metalmecânica. Quase 2mil só na obra. Na fabricação você considera mais um tanto, totalizando algo como 3mil diretos. Mas temos que trabalhar para conquistar isso, senão vai para fora.
Depois do baque na Petrobras, como andam os negócios com o setor de petróleo do ES?
Chegamos a fornecer para a as operadoras, que não é só a Petrobras, negócios da ordem de R$4,1 bilhões por ano. Por conta das quedas nos investimentos, esse valor caiu 25% em 2017. Trabalhamos para recuperar os valores de 2015. Mas novos players estão entrando e estão prevendo R$60 bilhões de investimento no ES nos próximos cinco anos, sendo 70% ligado a petróleo e gás, indústria naval e portuária.