Uma auditoria realizada pelo Governo do Estado com o objetivo de acompanhar o processo de vacinação da Covid-19, nos 78 municípios capixabas encontrou algumas irregularidades na aplicação dos imunizantes que serão encaminhadas aos órgãos competentes, como a Polícia Civil, para devida investigação.
A análise abrangeu um universo de 882.505 doses aplicadas, no período de 18 de janeiro a 12 de maio deste ano. A ação de controle visa a identificar riscos nos procedimentos adotados e corrigir eventuais falhas que possam comprometer a rapidez e a qualidade da campanha de imunização contra a Covid-19 no Estado.
Entre os sinais de alerta encontrados estão 1.240 casos em que o registro aponta a aplicação de 2ª dose de laboratório diferente da 1ª dose recebida; e 70 doses registradas como fabricadas por um laboratório sem vacinas disponíveis no Estado.
Foram identificadas ainda discrepâncias nas faixas etárias imunizadas. A auditoria constatou 11.582 doses aplicadas em cidadãos com idade inferior à faixa etária informada como justificativa para inclusão no grupo prioritário que estava sendo vacinado a cada fase da imunização. Quando se exclui os vacinados com 60 anos ou mais, do total de 11.582 doses, 1.448 doses teriam sido recebidas por pessoas com menos de 60 anos, ou seja, em pessoas que não fariam parte deste grupo prioritário.
A checagem realizada pelos auditores do Estado apontou, ainda, que os registros da aplicação de doses mostram 408 casos em que o portador de um mesmo número de CPF teria recebido mais de três doses de vacina, e outras 934 doses aplicadas em pessoas que, segundo o sistema de registro de óbitos, já teriam falecido na data de aplicação da vacina.
A auditoria foi iniciada em março pela Secretaria de Controle e Transparência (Secont) em parceria com a equipe da Gerência de Auditoria em Saúde da Secretaria da Saúde (Sesa).
Para a realização do trabalho, a auditoria contou com trilhas de investigação desenvolvidas pelo Laboratório de Dados, Análise e Tecnologia Aplicada à Auditoria (LAB.Data). A checagem cruzou eletronicamente as bases de dados de pessoas vacinadas com os cadastros de servidores públicos estaduais e do sistema de óbitos estadual.
A averiguação detalhada de cada caso é necessária para determinar o que levou à ocorrência das inconsistências encontradas, já que elas podem ser resultado tanto de falhas na alimentação do sistema de registro das doses aplicadas como de fraudes ou ações de “fura-fila”.