Lameirão da Serra tem riquezas e ameaças

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Condominio Alphaville (1º plano) com lameirão da Serra e baia de Vitória ao fundo. Foto: Gabriel Almeida
Condominio Alphaville (1º plano) com lameirão da Serra e baia de Vitória ao fundo. Foto: Gabriel Almeida

Bruno Lyra

Entre a baía de Vitória, o rio Santa Maria, o Canal dos Escravos e as vizinhanças dos bairros Jardim Carapina e Alphaville Jacuhy fica um dos últimos trechos de manguezal da Serra. Trata-se da parte serrana do Lameirão.

Grande parte do local foi incluída na Área de Proteção Ambiental (APA) Municipal Manguezal Sul, que abrange mais de 900 hectares entre pequenos trechos de vegetação de restinga e grande área de mangue.

“Na Apa já foram identificadas 128 espécies de animais, entre crustáceos, moluscos, mamíferos, aves, répteis e peixes. Mas o destaque são os caranguejos, com 17 variedades, inclusive algumas ameaçadas de extinção como os goiamuns”, revela Priscila Letro, diretora do Departamento de Recursos Naturais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma).

Priscila conta que de plantas, são 133 espécies, sendo duas ameaçadas de extinção. Aliás, ameaça é o que não falta na região. Além do risco constante de invasões, há o impacto do esgoto das regiões de Carapina, André Carlone, Jardim Tropical, José de Anchieta e Laranjeiras Velha. E também dos polos industriais ao longo da rodovia do Contorno. E ainda da expansão de condomínios residenciais e empresariais.

Sobre as invasões Priscila disse que a Semma mantém vigilância permanente na região. “Quanto ao esgoto doméstico, a expectativa é que a Parceria Público-Privado melhore a qualidade e abrangência do serviço. E sobre os impactos industriais, a Semma cobra o cumprimento de condicionantes e fiscaliza as empresas licenciadas pelo município”, garante.

A diretora garantiu ainda que a Semma não vai autorizar aterros nem cortes da vegetação de mangue e restinga na região para expansão de projetos imobiliários. A Apa conta com uma sede localizada no Condomínio Alphaville, construída pela empresa como contrapartida pelos impactos desse empreendimento na região.

A Fundação Alphaville gere o espaço através de um convênio com o município. “E há R$ 688 mil em compensações ambientais da obra do aeroporto e do próprio Alphaville para serem aplicados em cercas, placas e reflorestamento na Apa”, conclui Priscila. A sede da Apa abre de 2ª a 6ª das 8h às 16h e 30. Agendamento nos tels: (27) 3318 0438 / 9 8129 8234.

Fonte de renda para catador

Catadores de caranguejo, mariscadores e pescadores atuam na parte serrana dos manguezais da baía de Vitória. São pessoas de bairros da Serra, Cariacica e Vitória. É o que afirma Alberico Gomes da Silva, membro da Associação de Catadores Mato Verde (Ascamave), entidade sediada em Carapina.

“Com a crise econômica está aparecendo mais gente para trabalhar no mangue. Nessa parte entre o rio Santa Maria e a região de Jardim Carapina, creio que mais de mil pessoas estejam trabalhando, somados os que catam caranguejo; os que coletam mariscos como sururu, ostra e ameixa; e os que pescam”, detalha Alberico.

Ele conta que boa parte das iguarias servidas na famosa Ilha das Caieiras em Vitória, como por exemplo, os siris, são catados nessa parte do manguezal que fica na Serra. “Temos preocupação com lixo e esgoto, principalmente das empresas que ficam perto da Rodovia do Contorno”, explica.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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