Lama da Samarco derruba venda de peixes em 80%

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Pescadores de Jacaraípe estão com dificuldades para vender produção da semana. Foto: Fábio Barcelos

Ayanne Karoline

A lama de rejeitos da extração de minério da Samarco (Vale + BHP) que continua chegando e se espalhando pelo litoral capixaba desde o rompimento da barragem em Mariana- MG há quase cinco meses, pode ser responsável por mais desastres na economia e na saúde pública. Segundo análise recente realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pescados e camarões das águas capixabas apresentam elevados níveis de contaminação por metais pesados. Os valores chegam a ser 140 vezes superior ao limite permitido.

A notícia já afetou o consumo de peixes na Serra. De acordo com o presidente da Federação das Associações de Pescadores do Espírito Santo (Fapaes), Nêgo da Pesca, as vendas caíram 80% nesta semana.  Desde a última quarta-feira (30), dois dias após o anúncio dos resultados do estudo, as embarcações que atracaram em Jacaraípe não venderam quase nada. “As pessoas estão com muitas dúvidas e preferindo não comprar a mercadoria”, disse.

Com a atividade ameaçada, as 53 comunidades pesqueiras do Estado podem sofrer danos no orçamento. Atualmente, elas são responsáveis por uma produção anual de mais de 6 milhões de quilos de peixes. Segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a pesca e aquicultura juntas geram cerca de 30 mil postos de trabalho em solo capixaba.

Um exemplo do impacto será o camarão. Em 2014 o Estado produziu cerca de 42 toneladas do tipo beneficiado e 17 toneladas in natura. Essa produção pode ser ameaçada, já que o crustáceo, na avaliação do ICMBio, chega a ter 88 vezes mais arsênio  do que  limite legal.

Em nota, a Samarco diz que análises feitas em universidades mostram que não houve alteração da qualidade dos peixes e crustáceos. O estudo foi feito a partir da coleta de peixes, camarões e ostras em seis estações de pesca na foz do Rio Doce e região marinha próxima, entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016.

Disse ainda que todos os laboratórios que realizam os estudos são certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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