Bruno Lyra
Um ano e dez meses após o desastre /crime ambiental da Samarco em Mariana – MG, uma certeza que se pode ter é a da impunidade. Basta lembrar que o processo criminal contra os gestores da Samarco foi suspenso e que a empresa formada por Vale e BHP Billiton se nega a pagar as multas ambientais, sem que haja qualquer consequência.
Para o ribeirinho das cidades mineiras e das capixabas Baixo Guandu, Colatina e Linhares, a certeza é de que a vida piorou. Certeza que se estende para o produtor rural da beira do rio Doce. E também para o morador pobre das áreas urbanas abastecidas pelo rio, sem dinheiro para comprar água mineral ou ir de carro buscar o líquido em fontes distantes.
Criada sob o discurso da independência para recuperar os estragos e indenizar atingidos, a Fundação Renova nada mais é do que a própria Samarco. Os cargos de decisão são de pessoas ligadas à mineradora, que ainda tem o bônus de ter seu nome preservado ao lidar com os afetados ao usar tal filtro, além de distribuir internamente recursos que deveriam ser aplicados para remediar a desgraça.
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A Justiça agora mandou a Samarco fazer barragens para impedir que a água cheia de metais do rio Doce atinja as lagoas de Linhares. Aí começam as incertezas. Será que vai fazer? Será que comer peixe do litoral capixaba continua seguro? Será que as indenizações estão sendo justas e chegarão a quem de fato perdeu com a lama? E a economia estadual encontrará alternativa? Será que um dia a mineração vira fonte de prosperidade para as comunidades onde atua ou continuará ser boa só para alguns?

