Bruno Lyra
O Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) está de olho no corte da restinga da praia de Jacaraípe feito pela Prefeitura com autorização do Estado. O caso está sendo avaliado pela ouvidoria do órgão federal em Brasília, após denúncia da Ong Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff).
Segundo o superintendente do Ibama no Espírito Santo, Tarcísio José Foeger, a ouvidoria está analisando a denúncia e se julgar procedente, enviará para a superintendência local adotar as medidas cabíveis. Por lei a restinga é considerada Área de Preservação Permanente (APP) e fica em áreas sob jurisdição da União, uma vez que está sobre a areia da praia.
Tempo Novo noticiou, com exclusividade, o corte na edição 1.289, que atingiu o trecho entre a praia do Solemar e a altura da Avenida Guarani, em áreas cercadas e reflorestadas ao longo dos últimos 17 anos por ativistas da região. Inclusive com a própria orientação do Meio Ambiente da Prefeitura e participação de empresas que precisavam bancar contrapartidas ambientais.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) alega que o corte foi uma poda feita a pedido de alguns moradores e comerciantes locais, sob alegação de que o crescimento da vegetação proporcionou esconderijo para bandidos. Disse ainda que só foram removidas espécies exóticas. O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), que deu a autorização, foi ao local e disse que o corte está dentro da legalidade.
Fato contestado pelo presidente do Ibraff, Claudiney Rocha, e do diretor da Associação de Surf do Estado do Espírito Santo (Ases), Flávio Ferreira ‘Minotauro’ Siqueira. “Foram cortadas espécies de plantas nativas como aroeira e pitangueira. Ninhos de pássaros foram destruídos, não houve manejo de fauna”, aponta o Flávio.
Prefeitura diz que replantio começa em agosto
Em nota enviada à reportagem na tarde de ontem (19), a Prefeitura da Serra disse que vai iniciar o replantio das áreas cortadas usando a espécie ipomeia, que é uma planta rasteira. Afirma também que a Semma estuda colocar outras espécies, porem vai avaliar caso a caso cada trecho de restinga, uma vez que também pretende fazer a poda em outros pontos da orla do município por considerar que a vegetação está alta.
“Para a prefeitura só a ipomeia é nativa da restinga. Absurdas as respostas dos órgãos ambientais dizendo que só foram cortadas espécies exóticas. Deve sim haver gestão da restinga para evitar que fique muito alta e gere insegurança, mas isso deve ser feito com critério. Não arrasando tudo e ainda sem cuidado com a fauna que habita o local”, critica o geógrafo e membro da Ases, Pablo Torres.