Ayanne Karoline
Assim como um bebê, ter um idoso em idade avançada e com limitações de mobilidade em casa, requer muito cuidado e atenção. Desde a alimentação até a ida da pessoa ao banheiro – quando isso ainda é possível – a rotina é diferenciada e exige um grande esforço da família, principalmente quando há o fator doença, como o alzheimer ou diabetes. As opções são os cuidadores, as clínicas e até parentes. Tudo vai depender da condição financeira e da disponibilidade de familiares.
Na família da aposentada Alaíde Rosa da Silva, de 87 anos, a situação se agravou há sete anos. Ao caminhar pela rua, a idosa tropeçou em um fio de náilon transparente, deixado por uma empresa que prestava serviços elétricos na rua. Com o acidente, ela perdeu um braço e, anos depois, ainda adquiriu alzheimer. “Ela não anda mais, não fala direito, só fica na cama. Desde então, minha mãe sai de Jacaraípe para cuidar dela emVila Velha, revezando com a irmã nos cuidados. Passam 24 horas ao lado dela”, conta o neto da idosa, Edinei Motta.
Se por um lado dona Alaíde tem a segurança de ser cuidada pelas filhas, do outro,fica o sentimento de saudade dos filhos de Maria José da Silva Motta, uma das ‘cuidadoras’. “Sabemos que mamãe tem que fazer isso por nossa avó. Às vezes, conseguimos trocar com alguém a escala dela”, conta Edinei, que diz que a família não tem condições de pagar por profissionais.
Uma outra situação acontece na casa do aposentado Joaquim Lozer, de 64 anos, morador de Nova Almeida. Apesar de não ser tão idoso, Joaquim está com alzheimer em estágio avançado e já não anda, não fala, e se alimenta por sonda. Para cuidar do idoso, a família desembolsa cerca de R$ 5 mil por mês com cuidadoras, que dão assistência 24h.
“Elas cuidam da alimentação, roupas, limpeza do quarto, entre outros itens. Mesmo assim, nossa vida mudou muito, tivemos que reformar a casa, comprar cama de hospital e viver em meio a medicações e idas a médicos”, explicou a filha de Joaquim, Janaína Lozer.
Pessoas precisam se adaptar a velhice, aponta psicóloga
A psicóloga Márcia Demuner destaca que as estruturas familiares distintas contribuem para o despreparo familiar e a falta de conhecimento para lidar com as dificuldades que a idade exige. “Quando os familiares se depararem com essa mudança devem se adaptar às tais, exercendo os cuidados e as proteções devidas, além de desenvolver um papel de cuidador e protetor, mesmo que paguem pessoas para os cuidados básicos. Isso vai facilitar as limitações enfrentadas e garantir que o idoso progrida de modo íntegro”, explicou.
O último censo de 2010 do IBGE apontava que 7% da população da Serra tinha mais de 60 anos, o que dava na época 28 mil pessoas. Projetado para as estimativas atuais, que apontam uma população total de 502 mil, o número de idosos na cidade já passa de 34 mil.