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ES e Minas querem reparações mais efetivas pelo crime ambiental da Samarco, Vale e BHP  

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A lama da Samarco chegou ao oceano Atlântico pela foz do rio Doce. Foto: Arquivo/Agência Brasil

Na última quinta –feira (12) o governador Renato Casagrande (PSB) recebeu o mineiro Romeu Zema (Novo) no Palácio Anchieta para discutir a repactuação do acordo sobre o desastre/crime ambiental da Samarco (Vale + BHP) em Mariana, ocorrido há cinco anos e oito meses com o rompimento da barragem de rejeitos da extração de minério de ferro.

O desejo dos chefes dos executivos é que os dois estados passem a receber diretamente os recursos para reparação dos impactos, que além de matar 19 pessoas e destruir o distrito de Bento Rodrigues em Mariana-MG, lançou 43,7 milhões de toneladas de lama tóxica com metais pesados no rio Doce que trouxe e espalhou a sujeira no litoral capixaba.

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, o governo do ES disse que o modelo atual de reparação é lento e burocrático tendo a Fundação Renova com intermediadora. A Renova é instituição criada pelas controladoras da Samarco, a Vale e a BHP Billiton, para gerir o processo de reparação pelo crime ambiental, considerado o maior da história da mineração no planeta.

“A tragédia de Mariana afetou mais de dez municípios no Espírito Santo e uma população enorme nos dois Estados. Queremos que o processo de compensação e reparação seja menos burocrático. Nos preocupa que o processo de gestão e governança proposto à época da tragédia seja lento. Estamos aqui unidos para fazer a defesa de uma nova repactuação para que se tenha mais agilidade para recuperar a Bacia do Rio Doce, indenizar as pessoas que sofreram e que possamos ter um legado após esse desastre, em que perdemos vidas e sentimos os impactos na parte ambiental e econômica”, afirmou Casagrande.

“Nós, mineiros e capixabas, estamos nos unindo para agilizar as compensações aos atingidos pela tragédia de Mariana. Após seis anos do desastre, Minas e Espírito Santo ainda assistem, com muita lentidão, os resultados esperados. Dessa forma, os dois estados unirão esforços para que haja mais agilidade”, completou Zema.

Os governadores Zema e Casagrande se reuniram ontem (12) em Vitória. Foto: Divulgação/Governo do ES/Hélio Filho

A repactuação do caso da Samarco foi determinada judicialmente e está sendo intermediada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a participação das empresas, além de representantes do judiciário e Ministério Público. A pressão política pela repactuação ficou intensa após a Vale adotar outra postura no caso da barragem de Brumadinho, rompida em janeiro de 2019, onde as indenizações e recursos são liberados diretamente, sem dependerem de estudos e diagnósticos que prática só atrasam as ações no caso de Mariana.

Os governos do Espírito Santo e Minas Gerais buscarão os termos da repactuação em cooperação ainda com os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, além das Defensorias Públicas e da União.

Impactos na Serra    

Quando a lama da Samarco chegou ao mar, ela se espalhou. A pluma mais intensa e visível, ficou na foz do rio Doce e adjacências. Mas a parte fina chegou a atingir da Região dos Lagos no norte Fluminense, à Abrolhos na Bahia.

Na Serra o principal impacto foi na pesca artesanal. Isto porque os pescadores de Carapebus, Bicanga, Manguinhos, Jacaraípe e Nova Almeida têm a foz do rio Doce e entorno como principal ponto pesqueiro, sobretudo de cação e camarão.

Nova Almeida: pescadores do balneário que foi o primeiro da Serra a ser atingido por resíduos da lama da Samarco (Vale/BHP). Foto: Arquivo TN/Fábio Barcelos

Estudos feitos pela Rede Rio Doce Mar, que envolvia instituições de pesquisa como Ufes e UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)encontraram metais pesados em peixes do rio e também do mar junto à foz em concentrações superiores ao limite legal. Isso tempos depois  da chegada da lama. O turismo também foi afetado, inclusive em Praia Grande e Nova Almeida, essa última localidade na Serra.

Cidades que captavam água de abastecimento no rio Doce tiveram que trocar de manancial. Caso de Baixo Guandu e Linhares. Sem alternativa, Colatina continua a usar o rio Doce, apesar das dúvidas sobre o risco à saúde da população a médio/longo prazos. Tanto que muita gente na cidade prefere, até hoje, comprar água mineral ou buscar em fontes distantes do rio quando tem condição financeira para isso.

Colatina ficou sem água por semanas após a chegada da lama. Nesse ínterim houve até esfaqueamento nas filas que se formaram por pessoas desesperadas em conseguir um pouco do líquido nos carros pipa enviados pela Samarco e suas controladoras Vale e BHP.

Até hoje é possível perceber que os bancos de areia no leito do trecho capixaba do rio mudaram de cor. Antes mais clara, agora a areia tem tons grenás. E a cada cheia do Doce, suas águas ficam mais escuras do que antes da chegada da lama, justamente porque esta é ressuspensa do fundo com o aumento do fluxo e força do rio.

Metais pesados por até um século

Consultor da Constituinte de 1988 na parte de Meio Ambiente, o cientista capixaba André Ruschi alertou, na ocasião do rompimento, que a contaminação por metais do rio Doce e do mar por conta da lama poderia ser estender por até 100 anos. Quando a lama mais grossa passou no rio Doce na sequência do rompimento, matou 11 toneladas de peixes.

André Ruschi na Estação de Biologia Marinha em março de 2015. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra

Morto em abril de 2016, André era o responsável pela Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, localizada em Santa Cruz, cerca de 11 km ao norte de Nova Almeida, na Serra. E a cerca de 60 km ao sul da foz do rio Doce, em Linhares.

Já Augusto Ruschi (1915-1986), que dá nome ao espaço, é pai de André e ícone mundial na luta pela preservação ambiental. Seu rosto já foi até estampado na antiga nota de 100 cruzeiros, que circulou no país no final dos anos 1980. Autor da descoberta e catalogação de centenas espécies de plantas e animais nativos das florestas capixabas, Augusto criou o Museu de Biologia Melo Leitão em Santa Teresa, sua cidade natal. Hoje o local abriga o Instituto Nacional da Mata Atlântica.

O outro lado

A reportagem procurou a Fundação Renova, representante das mineradoras Vale e BHP, controladoras da Samarco à época do rompimento da barragem. Se a Renova se manifestar sobre o processo de repactuação, terá seu posicionamento publicado aqui.

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