
Os dois últimos anos foram marcados pelo desastre humanitário causado pela pandemia de Covid-19. Durante esse período, notícias ruins sobre as vidas que sucumbiram ao coronavírus se espalharam de forma avassaladora, inclusive, na Serra, que registrou 1.611 moradores mortos pela doença. Isso fez com que as pessoas realizassem um verdadeiro desterro das informações com o intuito de proteger a saúde mental da triste e dura realidade.
E, de fato, neste momento, é essencial valorizar as notícias boas, especialmente quando se trata de vidas poupadas. E a notícia boa, desta vez, é que a Serra tem conseguido superar um problema gravíssimo e antigo: a alta taxa de homicídios registrados na cidade. Em 2021, a Serra registrou o menor número anual de homicídios dos últimos 25 anos.
Para se ter uma ideia de como o número de assassinatos diminuiu na cidade, em 2008, a Serra terminou o ano com 432 mortes e se tornou o município mais violento do Brasil; em 2009, a cidade contabilizava uma média de 36 homicídios por mês.
Em 2021, 13 anos depois de liderar o ranking nacional da violência, a Serra fechou o ano com 138 homicídios; atingindo o menor número de assassinatos dede 1996, tendo em média, 11,5 mortes por mês; uma redução de 68% em 13 anos. Em comparação a 2020, quando 163 pessoas perderam a vida para a violência, a cidade registra redução de 15%.
Os dados foram divulgados pelo delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, Rodrigo Sandi Mori, ao Jornal Tempo Novo durante entrevista exclusiva. Sandi Mori começou a atuar na delegacia em 2016, quando recebeu o título de delegado adjunto, posteriormente, assumindo a titularidade da DHPP.
RODRIGO SANDI MORI
É o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra e está na linha de frente da liderança de investigações dos assassinatos ocorridos na cidade, além de atuar firmemente na prisão de homicidas; o que resulta na redução do número de violência no município.
De acordo com o delegado, a Serra não lidera o ranking de homicídios no Espírito Santo desde 2018. Ele afirma que essas reduções na violência são resultados de ações integradas, com principal foco na investigação eficaz e prisão de homicidas.
“Uma investigação eficaz e a prisão de homicidas acarreta na diminuição da sensação de impunidade e consequentemente na redução de homicídios. Visamos não somente aqueles que puxam o gatilho, como também as lideranças do tráfico nos bairros que mandam matar e autorizam os homicídios; trabalho esse que vem sendo feito de maneira contínua desde o ano de 2017”, explicou.
Rodrigo ainda destaca o trabalho integrado das forças da segurança pública, Ministério Público, Judiciário e Prefeitura na redução dos índices de homicídios. “Desde o ano de 2018, a Serra não é o município mais violento do Estado em número de homicídios; posição essa que ocupou por 22 anos consecutivos (1996/2018)”, destacou o delegado.
Números de violência na Serra caem cinco vezes mais do que em Vitória

Vale ressaltar que, historicamente, a Serra sempre foi vista como a cidade capixaba mais violenta. Essa chaga é comprovada pelo recorte histórico dos números oficiais da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), especialmente no início do século XXI, quando a Serra tinha uma taxa de homicídio de 1 habitante por dia.
Entretanto, as coisas estão mudando, isso porque o município vem demonstrando diminuição nesses dados, inclusive, saindo da liderança de mortes no ES. Situação contrária ocorre em Vitória, que em agosto deste ano, registrou um gigantesco crescimento e bateu recorde, saltando de quatro mortes em julho para 14 em agosto – 250% de crescimento.
É importante lembrar que Serra tem 536 mil habitantes, enquanto Vitória possui 369 mil moradores. Portanto, em números proporcionais, os dados de homicídios de Vitória são ainda mais preocupantes do que quando olhado em números totais.

