Duzentos estudantes de escola pública da Serra vão visitar ruínas do Queimado esta semana

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O crime ocorreu em estrada que serve de caminho para a Igreja de São José do Queimado, na região Serra Sede. Foto: Arquivo Jornal Tempo Novo
A visita acontecerá nesta terça (7) e quarta (8). Foto: Arquivo Jornal Tempo Novo

Duzentos alunos da escola municipal Governador Carlos Lindemberg, em Barro Branco, na Serra, vão visitar as ruínas da igreja de São José do Queimado nesta terça-feira (7) e quarta (08).

A iniciativa é do corpo de profissionais da instituição que tem como diretor, Rogério Morais. Para o Tempo Novo, Rogério contou que a escola está desenvolvendo as atividades extra sala de aula com o objetivo de levar as crianças para ter vivência fora da escola, promovendo o contato com o patrimônio cultural onde aconteceu a revolta do Queimado.

“Os alunos assistiram ao filme ‘Queimado a Luta pela Liberdade’ e agora vão ter o encontro com o local que foi palco da revolta. A ideia é resgatar a história e divulgar a luta do povo negro ocorrida na Serra”, disse o diretor da escola e também diretor do filme que tem imagens das ruínas hoje restauradas.

O professor Irineu Cruzeiro é docente na escola e responsável pelo desenvolvimento do trabalho do curso de relação etino raciais da Secretaria de Educação da Serra. “O projeto da escola visa preparar os alunos para a vida. E o Queimado tem importância para a vida de todos nós, porque foi através desta grande revolta que os negros brasileiros que hoje são maioria da população na Serra conseguiram a liberdade que temos hoje juntamente com a democracia. São valores que queremos passar para os nossos alunos para que lutem por um Brasil cada vez melhor para eles e suas famílias”.

Os alunos participaram de conversas, assistiram ao documentário que conta o resumo da revolta. “Depois comentamos, conversamos sobre o que aconteceu e a visita vem para coroar este trabalho”, disse Irineu.

Aluno do 4º ano, Guilherme está feliz com a oportunidade de conhecer o palco da Revolta de Queimado. “Hoje só temos liberdade graças a eles, porque a luta é deles. Estou muito feliz em poder conhecer de perto esta história e poder contar para os meus amigos”.

Já Mariana, que também é do 4º ano, considera a experiência única. “Fala de liberdade, fala do povo negro. Vai ser único e muito legal. Sentir energia do lugar, vai ser muito bom este momento e vamos passar a divulgar esta história que faz parte do povo da Serra e todos tem que conhecer”.

Também participa da visita o poeta e historiador, Teodorico Boa Morte que vai representar o grupo da Associação Cultural Guardiões do Queimado e monitor da Secretaria de Cultura Esporte e Lazer da Serra (Setur).

A Secretaria de Educação da Serra também está presente na ação. “A Sedu cedeu oito ônibus para levarmos os alunos a esta aula de campo, o que nos possibilitou chegar ao ápice do nosso projeto”, disse Rogério Morais.

Sobre a Insurreição do Queimado

A Insurreição do Queimado, ocorreu em 19 de março de 1849, liderada por Chico Prego e Elisiário Rangel. Os escravos travaram uma sangrenta luta pela liberdade, que terminou com centenas de mortos. De acordo com alguns relatos históricos, o frei Gregório Maria de Bene havia prometido liberdade aos escravos, em troca da construção da Igreja de São José. A promessa não foi cumprida, o que gerou a revolta.

A insurreição se insere como uma das mais expressivas lutas do povo negro contra a escravidão no Brasil, juntamente com o emblemático Quilombo dos Palmares, em Alagoas, liderada pelo mítico Zumbi dos Palmares. A escravidão no país foi, formalmente, extinta só em 1888, pela chamada Lei Áurea, de autoria da princesa Isabel.

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Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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