
Lideranças políticas do Espírito Santo criticaram o posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que nesta terça-feira (28) provocou polêmica com suas declarações à imprensa acerca do crescimento de óbitos por conta do coronavírus. De forma ríspida, Bolsonaro respondeu ao questionamento de um jornalista sobre o assunto. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagres”, disse o presidente na ocasião.
Em seguida, ao ser informado de que a transmissão estava sendo feita ao vivo, o presidente, visivelmente desconfortável, contemporizou. “A gente lamenta a situação com o vírus e se solidariza com as famílias. Mas é a vida, amanhã vou eu”.
As reações às declarações do presidente foram imediatas. As redes sociais se tornaram palco dos debates entre críticos e defensores do Governo. Alguns políticos do Espírito Santo refutam as afirmações do chefe de Estado.
É o caso do governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), que utilizou sua conta do Twitter para rebater as declarações do presidente. “Não precisamos de milagre, precisamos de atitude”, afirmou o socialista.
Outro que se manifestou foi o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos). “O homem público é súdito das leis e não se exonera da responsabilidade de defender o bem-estar e o direito à vida dos cidadãos. O presidente, como qualquer cidadão da República, tem deveres antes de direitos, e uma dessas obrigações é oferecer toda atenção de saúde à população”, disse Musso, que recentemente passou pela experiência com a Covid-19.
Para o deputado estadual Sergio Majeski, quando um presidente de uma nação de mais de 200 milhões de habitantes, com graves problemas e em meio às tragédias causadas por uma pandemia da magnitude dessa que enfrentamos, faz declarações desse tipo, “demonstra que não é digno do cargo que ocupa, e mais, demonstra que é um ser humano muito ruim, sem um mínimo de empatia, altruísmo, civilidade, humanismo e bom senso. Eu e minha família estamos ainda sem chão pela perda da minha cunhada de 52 anos no último sábado, vítima da covid 19. Rezo para que o presidente e nenhum outro brasileiro tenha que passar pelo que nós estamos passando”, declarou Majeski.
A senadora Rose de Freitas (PODE) disse estar acompanhando a questão. “Estamos assistindo a toda essa crise política que terá, sem dúvida, desdobramentos políticos institucionais com todas as consequências no seio da população, no STF e no Congresso Nacional. Desrespeitar a Constituição não pode ser um ato impune”, avaliou.
O senador Fabiano Contarato (Rede) também emitiu sua opinião. “Como “e daí”? A falta de solidariedade com os brasileiros é impressionante! Dói no coração! Mas o que podemos esperar de um presidente que chama coronavírus de gripezinha, incentiva aglomerações e participa de atos que atacam a democracia? Infelizmente, nada!”.
A reportagem tentou contato com outras lideranças políticas do Estado, mas até o momento não obteve retorno.
O avanço da doença no Brasil:
A mais recente polêmica envolvendo o presidente aconteceu durante uma entrevista coletiva sobre o avanço dos casos confirmados de coronavírus no país. Segundo informações divulgadas nesta terça-feira (28), o Brasil totalizou 5.017 mortes por complicações com o Covid-19, superando a soma de mortos da China, o país de origem da pandemia. Os números são oficiais e questionados por profissionais de saúde e órgãos fiscalizadores, uma vez que há registros de estados que promovem a subnotificação dos números, já que registram apenas os casos graves da doença.

