A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga maus-tratos a animais no Espírito Santo anunciou um acordo para solucionar o problema de cães abandonados no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, Vitória.
Conforme o acordo firmado, a captura dos animais confinados em um porão próximo ao restaurante universitário será executada pela Polícia Militar Ambiental e o tratamento e castração caberá à Prefeitura de Vitória, por meio do Centro de Vigilância em Saúde Ambiental (CVSA).
O assunto foi discutido em reunião da CPI, realizada na noite de segunda-feira (6), no Plenário Rui Barbosa. O destino dos cães após a captura e castração ainda não foi definido, mas a presidente da CPI, deputada Janete de Sá (PMN), busca entendimento com a Ufes para que eles retornem para o ambiente do campus por meio de parceria com alguma entidade protetora de animais que possa se responsabilizar pela curadoria dos animais.
“Retornar esses animais para o campus é uma forma de proteger a própria Ufes da entrada de novas matilhas, pois os cães que já estão lá resistem contra a entrada de concorrentes na área”, explicou a parlamentar.
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A gerente do CVSA, Arlete Frank Dutra, que representou a Secretaria de Meio Ambiente de Vitória na reunião da CPI, sugeriu também que a Ufes estude formas de controlar a entrada e saída de animais no campus de Goiabeiras. “A área do campus é muito extensa. Muita gente entra com bichos lá dentro, e é preciso instituir formar de monitorar se as pessoas que entram com esses animais saem com eles ou os deixam abandonados lá”.
A chefe de gabinete da Reitoria da Ufes, Maria Auxiliadora Carvalho Coraça, que representou o reitor Reinaldo Centoducatte, prometeu estudar a proposta, mas ponderou que, por ser a área do campus muito extensa, a questão é complexa.
Segundo a ativista da causa animal Lígia Diniz, oito cães adultos se encontram confinados no porão da Ufes, além de duas crias. Uma cadela está prenha. Ligia contou que já resgatou por conta própria 59 animais abandonados no campus de Goiabeiras.
Captura difícil
A captura dos cães que se encontram no porão perto do restaurante da universidade é tida como impossível sem os métodos apropriados, pois os animais são agressivos e vivem acuados dentro do espaço. “Essa captura não é uma tarefa simples, pois esses animais estão isolados dentro desse buraco, que pelo que disseram é de difícil acesso. Vamos estudar os métodos adequados para realizar a operação”, afirmou o subtenente Jeziel Reis, da Polícia Militar Ambiental.
Foi marcada nova reunião para o dia 4 de abril para que sejam avaliados os avanços no acordo firmado para a captura, tratamento e castração dos animais. “Espero que tudo o que foi acertado aqui seja resolvido até a próxima reunião”, disse Janete de Sá. O vice-presidente da CPI, deputado Doutor Hércules (PMDB), e o relator, Gildevan Fernandes (PMDB), também participaram das discussões.
Próximos passos
Janete de Sá adiantou as novas atividades da CPI: no dia 24 de março (sexta-feira), às 14 horas, será realizada nova audiência pública em Cachoeiro de Itapemirim, para a investigação de denúncias de mais maus-tratos a animais no município. O encontro deve ser na Câmara Municipal. Uma das pessoas a serem convocadas é Márcia Liverani, protetora de animais.
Em 19 de agosto passado, os deputados estiveram em Cachoeiro para ouvir o depoimento de Cremilda da Silva Conceição Caetano, de 72 anos, que espancou violentamente um cachorro com pedaço de pau que tinha pregos incrustados. O caso repercutiu nas redes sociais.
A presidente da CPI informou ainda que o colegiado realizará, nos próximos dias, diligência em uma clínica de saúde animal em Vila Velha para apurar denúncias de maus-tratos e abandono de animais no estabelecimento.
Além de Janete de Sá, Doutor Hércules e Gildevan Fernandes, a CPI conta ainda com integrantes titulares os deputados Amaro Neto (SD) e Marcos Bruno (Rede). Os suplentes são Raquel Lessa (SD), Erick Musso (PMDB) e Luzia Toledo (PMDB).
As investigações foram instauradas para apurar denúncias de maus-tratos a animais, abandono, desleixo nos centros de controles de zoonoses, privação de água e comida. Também são alvo de apuração relatos de envenenamento, agressões e atropelamentos de cães, gatos, equinos e outras espécies.