Entrando no segundo ano da pandemia, um assunto recorrente é a insônia. Com a ansiedade e o estresse que todos estão vivendo, esta síndrome segue em alta. De acordo com um estudo feito pela Universidade de Southampton, no Reino Unido, em agosto de 2020, o número de pessoas que tem insônia aumento de uma em seis pessoas, para uma em quatro. Já na China, as taxas de insônia aumentaram de 14,6% para 20% durante o isolamento social; na Grécia, quase 40% dos entrevistados disseram estar com insônia em maio e por aí vai. Além disso, a palavra “insônia” foi a mais pesquisada no Google em 2020 do que em outros anos.
Fato é que precisamos tomar conta mais do que nunca da nossa saúde, e ter insônia não contribui para isso. De acordo com a médica especialista em Medicina do Sono e presidente da Associação Brasileira do Sono Regional ES, Jéssica Polese, temos que tentar contornar a situação. “Ter insônia problematiza diversas doenças em longo prazo, como diabetes, obesidade e depressão. Além disso, dormir menos que sete horas por dia afeta seu humor, seu trabalho e por conta da pandemia, tudo hoje é mais intenso”, destaca a especialista.
O prolongamento da pandemia, o distanciamento social, a saudade da família, dos amigos, do ambiente de trabalho (muito estão em home office) abalaram a rotina diária e isto traz consequências alarmantes para o sono. “O nosso cérebro era acostumado com uma rotina, ele reconhecia o momento do trabalho, da concentração, o momento do lazer, do relaxamento, agora muitas pessoas estão em casa, e trabalham em quartos, que para nós médicos, era uma coisa impensável e nunca sugerida, porém que não podemos exigir de ninguém, sabendo da dura realidade dos brasileiros, assim o sono é afetado por diversos fatores que não são favoráveis”, destaca Jessica.
Além disso, a falta de motivação, a incerteza e a demora na vacina geram uma ansiedade que em algumas pessoas afeta a saúde mental. “Percebo no consultório muitos pacientes com insônia, ocasionados por estresse e ansiedade, por perderem empregos, por não saberem como a situação melhora, é um momento muito difícil”, afirma. Jéssica alerta “que o problema pode começar simples, mas pode tornar-se crônico: Como os hospitais estão exclusivamente atendendo casos de Covid-19 nesse momento, a população fica sem um atendimento básico”, relata.
O que pode ser feito para contornar a situação? A especialista em Medicina do Sono dá dicas básicas que precisam ser seguidas para não chegar ao uso de medicamento: “Não consumir bebidas alcoólicas, nem fumar antes de dormir; evitar o uso de celular; de tevê, tentar relaxar antes de dormir, ler um livro, ouvir uma música relaxante; consumir alimentos leves, ajudam no combate à insônia”, ressalta.
Pesquisa alerta que 41% dos profissionais de saúde sofrem de insônia
Outra classe que sofre com a insônia e que já relatamos em pesquisa divulgada no ano passado são os profissionais de saúde, 41% destes profissionais. (Pesquisa da Associação Brasileira do Sono – Absono em maio/junho de 2020). “Os profissionais já estavam abalados no ano passado, este ano estão chegando ao esgotamento e muito pode ser causado pela insônia”.
Teremos fé que esta situação passe logo e que todos podemos estar e ficar saudáveis e retornar ao nosso novo normal.