Moradores de Solar do Porto, bairro da região do Civit I, estão mobilizados para tentar impedir a destruição de trecho de Mata Atlântica ameaçado por fogo, descarte de resíduos e invasões. O bairro é relativamente novo – tem 11 anos – e o fragmento de floresta em seu entorno faz parte da Área de Proteção Ambiental (Apa) da lagoa Jacuném.
A reportagem esteve no local na última terça-feira (18) e circulou por todo o trecho de mata em Solar do Porto. A área ainda tem vegetação densa com muitas espécies de animais e plantas nativas, mas há entulho, lixo, vestígios de queimadas ocorridas em períodos de seca e até invasões vindas do bairro vizinho, Parque Residencial Tubarão. Também foi possível notar, no fundo de vale, brejos e nascentes que alimentam a lagoa Jacuném. A área de Mata Atlântica tem placas instaladas pela Prefeitura indicando que o local é de preservação, com telefones da fiscalização.
A presidente da Associação de Moradores, Adriana de Cássia Peterlini, diz que a intenção é conseguir propor um projeto à Prefeitura para implantação de calçada e ciclofaixas no entorno da mata, pois acredita que isso possa inibir invasões e descarte irregular de resíduos. “Temos esse projeto de ocupação de um espaço público de proteção ambiental. Também estamos trabalhando, junto com outros moradores voluntários, a sensibilização da comunidade para evitar o descarte de lixo e entulho”, destaca.
Adriana também desconfia de descarte clandestino de esgoto na área verde e afirma ter protocolado na Prefeitura um pedido de fiscalização para checar se isso procede ou não.
Outro morador do bairro, Guilherme Tavares, que também é biólogo, destaca a importância da mata para a redução do calor no bairro e a preservação da biodiversidade. “Chegando perto da floresta, você percebe o frescor por conta do microclima. Muita gente faz exercício no entorno dela. O local também é abrigo para diversos tipos de pássaros, mamíferos, répteis e insetos nativos. Já tivemos registro de tamanduá e macacos, por exemplo”, enumera.
Mara Fávaro Pereira reside em Solar do Porto há dois anos. “Moro perto da mata e, da minha casa, posso observar as pessoas vindo jogar entulho. Isso dá muita tristeza, pois fazemos caminhada e cada dia está mais sujo. Gostaríamos que a floresta fosse mais protegida”, destaca.
Durante a reportagem, foram avistadas algumas espécies de aves: anu preto, canários da terra, maritacas, trinca-ferro, juriti, jacupemba e bem-te-vi. O trecho ainda possui conexão direta com as florestas ciliares da lagoa Jacuném.