Após o governo dos EUA anunciar uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, medida que afeta setores estratégicos da economia nacional e capixaba, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, manifestaram preocupação sobre o tema. Ambos defenderam o caminho do diálogo e da diplomacia para evitar uma escalada nas tensões comerciais entre os países.
Durante um evento realizado em Vitória, nesta quarta-feira (16), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, classificou a decisão como um “ataque insano à soberania nacional” e afirmou que o governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, tem adotado uma postura responsável, buscando uma saída por meio do entendimento institucional.
“O que a gente viu aí foi um arrobo, um ataque completamente insano ao equilíbrio da nossa política. É um ataque à nossa soberania. Naturalmente, o presidente Lula reage com diálogo, com construção, com diplomacia, sentando à mesa e propondo soluções que garantam tranquilidade ao empresário brasileiro, ao investimento nacional, à balança comercial e às exportações, para a gente voltar à normalidade”, afirmou o ministro ao Tempo Novo.
Silveira reforçou que o Brasil está comprometido com a prática da boa política e com a defesa da soberania, sem abrir mão de sua responsabilidade internacional. Ele também destacou a importância da governança global como instrumento para mediar disputas comerciais e impedir ações unilaterais que prejudiquem relações bilaterais.
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“O presidente Lula é alguém muito coerente. Sempre defendeu que os países devem ser respeitados do ponto de vista soberano e defende também a governança global. Não há como uma pessoa unilateralmente tomar uma decisão que ataca a soberania de um país e o equilíbrio comercial. Por isso, precisamos — e o presidente Lula defende isso com veemência — de mediação diplomática”, disse.
Além do ministro, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também se posicionou sobre o tema. Na última segunda-feira (14), ele conversou com o vice-presidente do Brasil, em Brasília, Geraldo Alckmin, para tratar sobre as tarifas e, no dia seguinte, se reuniu com lideranças empresariais para falar do mesmo assunto.
“As reuniões foram boas. Não tem uma definição imediata, mas o Governo Federal está articulando com o setor produtivo para que essa mensagem chegue aos americanos. Essa medida é ruim para o Brasil, mas é ruim também para os Estados Unidos. O setor empresarial participou e nós pedimos para incluir o setor de pedras ornamentais neste debate, além da siderurgia e do café que já estão participando”, afirmou Casagrande.
O governador destacou ainda que o ambiente atual nos Estados Unidos tem dificultado a construção de pontes institucionais, mas acredita que o diálogo entre setores econômicos dos dois países pode surtir efeito. “O ambiente do governo americano não é de comunicação normal, de relações institucionais. Mas o setor produtivo pode, entre eles, fazer chegar ao governo americano a mensagem de que essa medida é prejudicial aos dois lados”, opinou.
Casagrande finalizou reforçando seu apoio à postura adotada pelo presidente Lula e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, ressaltando que o caminho é a diplomacia combinada com a firme defesa da soberania nacional. “Defendi com o presidente Lula aqui, defendi com o vice-presidente Alckmin, porque acho que esse é o caminho. A gente tem que fazer a defesa da soberania nacional e, ao mesmo tempo, lançar pontes de comunicação para tentarmos resolver isso na diplomacia”, concluiu.
Impactos e setores afetados
A medida atinge diretamente produtos siderúrgicos, agrícolas e derivados de rochas ornamentais, setores de grande peso na balança comercial capixaba, principalmente na cidade da Serra. A medida tem gerado reação entre empresários e políticos, que temem um efeito dominó sobre o comércio exterior e os investimentos internacionais. O governo brasileiro já sinalizou que buscará canais multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), caso não haja avanço nas tratativas bilaterais.

