O capixaba Ricardo Frizera acaba de entrar para a seleta lista Forbes Under 30, que reconhece jovens com menos de 30 anos que vêm gerando impacto relevante na sociedade. Selecionado na categoria Finanças, o sócio-diretor da Apex é o único capixaba que figurou na lista – ao lado de nomes como Sasha Meneghel e o tenista João Fonseca. Frizera se destaca por uma trajetória que conecta mercado financeiro, desenvolvimento econômico regional e uma tese clara: o Brasil que mais cresce está fora do eixo tradicional, e precisa ser colocado no centro do mapa.
A origem dessa visão está em sua própria experiência. Ainda jovem, Frizera deixou Vitória e foi para São Paulo, movido pela ideia de que as oportunidades estavam concentradas ali. O choque veio rápido. Em conversas cotidianas, percebeu que a capital capixaba, apesar de figurar entre as cidades com maior PIB per capita do país, bons indicadores sociais e alta competitividade, era praticamente desconhecida fora da região.
“Fui para São Paulo porque, quando era mais novo, me diziam que era lá que estavam as oportunidades de crescer na vida. Mas, quando cheguei, algo começou a me chamar atenção: eu era constantemente questionado sobre de onde vinha. Quando dizia Vitória, muitos perguntavam se era Vitória da Conquista. Aquilo me provocou uma reflexão profunda. Como uma cidade do interior da Bahia era mais conhecida do que a capital do Espírito Santo? Foi ali que percebi uma grande assimetria de relevância e de conhecimento sobre o nosso estado no Brasil”, explicou ao Portal Tempo Novo.
O diagnóstico motivou seu retorno ao Espírito Santo e a entrada na Apex – à época, recém-fundada por um grupo de amigos. Ali, Frizera passou a atuar diretamente na estruturação de projetos que conectam empreendedores a investidores, com foco em manter o capital próximo de onde ele é gerado e em criar bases sólidas para o desenvolvimento econômico regional.
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Nesse processo, liderou a criação da área de Research da companhia, voltada à comunicação e dados, consolidando uma tese que se tornaria central em sua atuação: “fluxo de atenção gera fluxo de capital”. A estratégia era simples e ambiciosa: produzir e organizar dados e comunicar oportunidades para reduzir a distância entre o Espírito Santo e os grandes centros de decisão. “Quando você mostra o tamanho real das oportunidades, o capital encontra o caminho”, resume.
Ao longo da última década, esse movimento contribuiu para reposicionar o Espírito Santo no radar de investidores e do próprio empresariado local, ao mesmo tempo em que a Apex consolidou sua atuação, hoje com R$ 17 bilhões sob supervisão e mais de R$ 1 bilhão investidos em projetos no estado. Mais do que números, o período marcou a maturação de um ecossistema financeiro voltado a estruturar projetos, reter riqueza e gerar impacto econômico de longo prazo no estado.
Brazilian Regional Markets: conectando as ‘onças brasileiras’ ao capital global
A partir dessa experiência, Frizera passou a enxergar um fenômeno mais amplo. Com a expansão da Apex para outros estados do país, percebeu que o Espírito Santo não era um caso isolado. Estados e cidades altamente produtivos, com crescimento acima da média nacional, enfrentavam desafios semelhantes de visibilidade e acesso a capital.
Inspirado no conceito dos tigres asiáticos (conjunto de países que puxaram o crescimento do continente asiático), surgia ali as ‘onças brasileiras’ – mercados regionais como Espírito Santo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, que se consolidaram nos últimos anos como novos motores da economia nacional.
Essa visão ganhou escala com o lançamento da plataforma Brazilian Regional Markets, iniciativa da Apex que conecta os mercados regionais brasileiros a investidores nacionais e internacionais. A proposta é inverter a lógica histórica do fluxo financeiro no país.
“Durante décadas, o capital saiu dos polos regionais e se concentrou em um único centro financeiro: São Paulo. Existe uma grande oportunidade de fazer diferente: estruturar bons projetos em empresas, negócios e imóveis nas regiões onde o Brasil produz riqueza de verdade, onde está o agronegócio pujante, a logística que conecta o país ao mundo e uma base forte de empresas familiares e empreendedores que, muitas vezes, ainda são pouco reconhecidos por estarem nesses interiores. Então nosso desafio é fazer o caminho inverso: trazer o capital de São Paulo para perto de quem produz, empreende e constrói o Brasil real, esse Brasil das onças”, finaliza.
Sobre a Forbes Under 30
A lista, como descreve a Forbes, destaca “os mais brilhantes empreendedores, criadores e game-changers de até 30 anos que revolucionam os negócios e transformam o mundo.”
Esse ano tem no destaque personalidades como o tenista João Fonseca, o cantor Nattanzinho, a atriz Sasha Meneghel e a influenciadora Maria Braz.

