ArcelorMittal confirma que tarifaço de Trump pode atrapalhar investimento de R$ 4 bilhões na Serra

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ArcelorMittal
O fim das cotas de isenção — pressionam diretamente a ArcelorMittal, que exporta 3,46 milhões de toneladas anuais de aço para os EUA. Crédito: Divulgação

O investimento de R$ 4 bilhões anunciado pela ArcelorMittal para a unidade de Tubarão, na Serra, corre risco de ser adiado ou até suspenso. A informação foi dada pelo presidente da empresa no Brasil, Jorge Oliveira, em entrevista ao Valor Econômico. O alerta acendeu preocupações na Serra, especialmente porque esse aporte é aguardado faz décadas e significaria um impulso estratégico para o município e o estado.

Em artigo recente publicado no Portal Tempo Novo, foi detalhado o impacto positivo esperado desse investimento para a Serra, destacando o papel da cidade como eixo logístico e industrial no Sudeste. A chegada de novos projetos, empregos e tecnologia criaria uma cadeia de benefícios para a economia local.

De acordo com apuração o Tempo Novo, o projeto de R$ 4 bilhões prevê a implantação de uma nova linha de laminação de tiras a frio e uma linha de revestimento contínuo. Desde sua fundação, em 1983, a ArcelorMittal Tubarão (antiga CST) sempre produziu placas de aço, mas, com o novo investimento, a companhia passaria a fabricar diretamente produtos acabados para setores estratégicos, como a indústria automotiva, de eletrodomésticos e de energia solar. Isso fecharia um ciclo industrial na planta capixaba, garantindo maior valor agregado ao aço produzido na Serra e consolidando a região como uma referência ainda mais forte no setor siderúrgico nacional e internacional.

Segundo Jorge Oliveira, as medidas protecionistas dos Estados Unidos — como a imposição de tarifas de 25% sobre o aço brasileiro e o fim das cotas de isenção — pressionam diretamente a ArcelorMittal, que exporta 3,46 milhões de toneladas anuais de aço para os EUA, parte expressiva saindo aqui da Serra. Além disso, o risco de a China redirecionar seu excedente de aço para o mercado brasileiro agrava a situação, tornando o setor mais vulnerável à concorrência internacional.

Se esse ambiente não mudar, Oliveira alertou que os prazos dos investimentos planejados no Brasil — incluindo o projeto de Tubarão — podem ser modificados. Esse projeto seria um divisor de águas para a economia local, mas agora depende diretamente das decisões e negociações no cenário internacional.

Enquanto a guerra comercial entre EUA e China impacta diretamente a siderurgia, também cresce a pressão interna. A indústria brasileira enfrenta juros altos — que podem chegar a 14,75% ao ano — prejudicando setores dependentes de financiamento, como a indústria automotiva, principal cliente da ArcelorMittal.

Trata-se de um duro golpe para a economia e as expectativas da Serra. Na prática, o principal investimento privado da história recente do município está ameaçado pela guerra comercial internacional.

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Yuri Scardini

Yuri Scardini é diretor de jornalismo do Jornal Tempo Novo e colunista do portal. À frente da coluna Mestre Álvaro, aborda temas relevantes para quem vive na Serra, com análises aprofundadas sobre política, economia e outros assuntos que impactam diretamente a vida da população local. Seu trabalho se destaca pela leitura crítica dos fatos e pelo uso de dados para embasar reflexões sobre o município e o Espírito Santo.

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