Após repercussão negativa, Associação de Laranjeiras recua e desiste de fechar biblioteca na Serra

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Crédito: Divulgação
Associação de Moradores afirma que não vai fechar biblioteca, mas promete modernizar o espaço, sem explicar o que será feito. Foto: Divulgação

Após confirmar que teria novos projetos para a biblioteca comunitária de Parque Residencial Laranjeiras, na Serra, e não negar o possível fechamento do espaço, a Associação de Moradores do bairro – encabeçada por Lusmar Furtado – recuou da decisão e prometeu que não vai seguir com o desmonte do bem público, que funciona há aproximadamente 41 anos e é a biblioteca mais antiga da Serra.

A afirmação de que não pretende mais encerrar as atividades do espaço foi publicada pela Associação de Laranjeiras nas redes sociais. Isso aconteceu dois dias após a publicação da matéria, onde o Jornal Tempo Novo trouxe à tona a denúncia dos moradores do bairro de que a biblioteca estaria sendo desmontada pela liderança comunitária. A notícia causou polêmica na região, que iniciou a criação de movimentos contra o fechamento.

Em nota publicada na página oficial da associação, a presidente do bairro classificou a denúncia dos moradores como mentirosa. Disse ainda que a atual liderança comunitária não estaria realizando o desmonte da biblioteca.

No entanto, vale ressaltar que na conversa com a reportagem do TEMPO NOVO durante a última sexta-feira (24), Lusmar evitou ao máximo ser enfática na resposta da pergunta se existia um plano para acabar com o espaço de leitura e pesquisa. Ela ainda não negou, em nenhum momento, que fecharia a biblioteca e classificou o espaço atual como ‘lan house’.

“Nós não podemos ficar parados no tempo. A Associação de Moradores está com outras prioridades neste momento, principalmente, nas reformas de espaços que possuíamos e estavam abandonados. Só que já sabemos que do jeito que está a biblioteca não pode ficar. As pessoas estão indo lá mais para tirar xerox do que para leitura”, disse Lusmar na ocasião.

No novo pronunciamento, Lusmar disse: “é mentirosa a informação de que a nova diretoria pretende ‘fazer desmonte’ da biblioteca. Todo e qualquer projeto de utilização dos espaços da serão submetidos à aprovação dos Associados”, afirmou.

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Sem explicar projeto, Associação promete modernização

Mesmo afirmando que não pretende desmontar a biblioteca, a Associação de Moradores afirma, sem explicar o projeto, que vai modernizar o espaço. “Na verdade, o que se tem buscado são alternativas para modernizá-la, de modo que o espaço possa ser mais bem utilizado pela população em geral”, se limitou a dizer.

E é exatamente este projeto de modernização que preocupa os moradores do bairro. Entre eles, está a funcionária mais antiga da biblioteca, Rejane Afonso. Ela denuncia que a associação abandonou o espaço e estaria, nos bastidores, formulando um projeto de desmonte.

“Publicamente, não vemos nenhuma informação sobre fechamento, mas nos bastidores existe uma movimentação de diretores da associação que afirmam que o espaço é mal utilizado e deveria ser utilizado para outro meio. Eles querem desmontar o espaço e isso eu não concordo. Somos a biblioteca mais antiga da cidade e demos o sangue para manter isso aqui em pé”, denunciou.

Ainda segundo Rejane, a fala da líder comunitária do bairro, Lusmar Furtado, de que a biblioteca teria se transformado numa espécie de ‘lan house’ foi recebida com indignação. “Eu e minha colega que trabalhamos há muitos anos aqui ficamos perplexas e muito revoltadas com a falta de respeito da associação com essa biblioteca, que é tradicional e de extrema importância para a Serra”, acrescentou.

Vale lembrar que Associação de Moradores de Parque Residencial Laranjeiras tem um patrimônio estimado em mais de R$ 100 milhões, sendo de sua propriedade, o antigo estádio de futebol do bairro, além de várias lojas alugadas em um dos metros quadrados mais caros do Espírito Santo, o que a põe como uma das associações mais ricas do Brasil e de longe a mais rica em território capixaba.

Entenda a polêmica

Conforme noticiado pelo TEMPO NOVO, nos últimos dias, segundo os moradores, a biblioteca estaria completamente fechada e a entrada de usuários estaria sendo impedida. Uma das populares que denunciou a situação foi a Graça Egner. Moradora antiga do bairro, ela relata dificuldades para acessar as dependências do centro comunitário ao todo.

Vale ressaltar que a biblioteca é comunitária e possui administração da Associação de Moradores de Parque Residencial Laranjeiras, que atualmente está sob a gestão da presidente Lusmar Furtado.

“Já faz tempo que a Associação está deixando a nossa biblioteca completamente fechada. Estamos sendo impedidos de acessar o local, que é nosso. A atual gestão do bairro demitiu funcionários e deixou o espaço vazio, sem pessoas que pudessem nos atender. Isso me deixa triste; sempre utilizei a biblioteca e não somente para leitura, mas também para fazer cópias, digitalização e informática”, denunciou Graça.

Uma fonte ouvida pela reportagem que faz parte da chapa eleita para diretoria da Associação e pediu para não ser identificada por medo de represálias também denunciou o suposto desmonte do bem público.  “Já ouvimos que a diretoria possui novos projetos para o espaço, que segundo eles, estaria sendo mal utilizado. O problema é que essa é uma das únicas bibliotecas comunitárias da Serra e possui uma carga histórica com todos nós”, disse.

Em setembro de 2017, o Jornal TEMPO NOVO divulgou uma matéria onde demonstrava a importância da biblioteca, que fica dentro das dependências da associação. Naquela época, o local recebia cerca de 43 mil visitantes por ano e possuía um acervo de mais de 20 mil livros. Além disso, tinha um espaço para realização de pesquisas, utilizado por estudantes de escolas públicas e privadas.

Veja a nova nota da Associação na íntegra:

“Em razão de veiculação de informações equivocadas no Jornal Tempo Novo, vimos informar que a biblioteca ficou uns dias sem funcionar devido a faltas justificadas da funcionária, portanto, é mentirosa a informação de que a nova diretoria pretende ‘fazer desmonte’ da biblioteca! Na verdade, o que se tem buscado são alternativas para modernizá-la, de modo que o espaço possa ser melhor utilizado pela população em geral! Informamos que todo e qualquer projeto de utilização dos espaços da AMPRL serão submetidos à aprovação dos Associados”.

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Gabriel Almeida

Jornalista há 11 anos, Gabriel Almeida é editor-chefe do Portal Tempo Novo. Atua diretamente na produção e curadoria do conteúdo, além de assinar reportagens sobre os principais acontecimentos da cidade da Serra e temas de interesse público estadual.

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