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Vizinhos de Vale e Arcelor denunciam “chuva de pó” em bairro da Serra

Mão de morador brilhando de pó após passar sobre móvel no interior de casa em Carapebus. Foto: Divulgação

Nem a redução da produção de minério, muito menos os novos ‘canhões de névoa’ foram capazes de deter o pó preto e uma poeira brilhante, com aspecto de laminada, de chegar com força às casas de quem vive na região de Carapebus.

Mesmo afetados há décadas pelo pó vindo do Complexo de Tubarão (Vale e ArcelorMittal), de quem são vizinhos, moradores estão assustados com o volume de poeira que tem chegado nos últimas semanas, especialmente entre a noite de domingo (16) e a madrugada (veja vídeo) de segunda-feira (17).

“Nunca vimos isso aqui, um pó brilhante, parecendo algo laminado. Também está vindo mais pó preto do que já vem nesta época. É como se fosse uma chuva de pó brilhante, dá para ver no ar. Se o pó preto já faz mal para a saúde, não sabemos que efeito esse pó laminado pode causar. A população está assustada, é muito grave”, alerta o presidente da Associação de Moradores de Praia de Carapebus, Anderson Soares.

O líder comunitário disse que já havia acionado os órgãos ambientais duas semanas atrás por conta do aumento súbito do pó preto, fato que foi noticiado por TEMPO NOVO. Mas agora com a presença também desse pó mais claro, voltou a pedir que técnicos do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) fossem ao bairro. “Eles prometeram fazer uma operação conjunta na tarde desta terça – feira (18)”, afirma Anderson, que fez vídeo mostrando a situação.  

Ativista ambiental, morador e empresário da região, Marcelo Warung, também fez vídeo na última segunda-feira (17) mostrando o volume de pó precipitado sobre seu carro. “Olha o tanto de brilho de pó que está em cima do carro aqui. De hoje para amanhã (terça, 18) vai ser pior, que o vento vai ser sudoeste. O vidro do carro parece o céu estrelado de tanto brilho do pó. Estamos lascados, meu irmão”, afirma no vídeo.

O também morador, Valdinei Oliveira, é outro que está sofrendo. Ele também registrou em vídeo o volume de pó preto que chegou à sua casa no último final de semana. “Como você vive numa situação dessa? Olha o tanto de pó de minério. Olha a situação da casa da gente como fica. Olha o sofrimento da gente aqui em Carapebus, cadê o poder público. Nós vamos ter que fazer um protesto na portaria da CST  ( atual ArcelorMittal) com moradores de Continental e Carapebus, parar, para ver se dão solução a isso aí. Só Deus para ter misericórdia de nós”. desabafa.    

Doenças respiratórias castigam quem vive no local

Moradora há 18 anos no bairro, Charliceia Querino Dias, viu a ‘chuva de pó’, às 5h da segunda –feira (17), quando saiu para trabalhar. Parecia purpurina. Você via aquele troço caindo do ceú. Caiu em cima de mim, tive que me limpar. Foi uma ‘chuva’ de pó brilhante. Deve ter caído caído a madrugada toda, poia a rua ficou toda brilhando”, relata.

Charliceia teme que o episódio, que segundo ela já aconteceu outras vezes, agrave a saúde respiratória que já é prejudicada pela poluição do ar na região. “Aqui em casa minha filha de 12 anos tem bronquite asmática desde que nasceu e usa bombinha. Tive que fazer o fechamento da varanda com vidro. No meu marido a sinusite ataca. Em mim, a rinite. As folhas das plantas ficam todas brilhantes.  Se você arranca uma fruta do pé, tem que escovar e deixar de molho porque é um pó grudento, que agarra”, relata.

A moradora disse ainda que a filha dela mais velha teve bebê e deciciu ir embora do bairro. Ela fez isso para meu netinho não respirar esse pó. “Aqui dificilmente você vê alguém sem algum problema de respiração”, lamenta.

Espaço para empresas e órgãos ambientais

Em nota, a ArcelorMittal Tubarão diz que “vem implementado novos controles para seus pátios de estocagem de matérias-primas e vias de circulação interna, incluindo aplicação de cobertura vegetal em pilhas de coprodutos, e sistemas de monitoramento de alerta de ventos, que permite a aplicação de polímeros nos pátios e vias, de forma preventiva nas situações de rajadas de vento”.

Acrescenta que “estes investimentos fazem parte do Termo de Compromisso Ambiental (TCA), e totalizam mais de R$ 1 bilhão, em projetos de curto, médio e longo prazos. São projetos que incluem também a instalação de novos sistemas de despoeiramento (filtros de mangas); a aplicação de novas tecnologias nas correias de transferência, incluindo o enclausuramento; o controle dos pátios com Barreiras de Vento (Wind Fences)”. 

Por fim, diz que “é importante ressaltar que as emissões de material particulado na Grande Vitória possuem diversas fontes, como o setor de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo), atividades da construção civil (incluindo terraplanagem), queimadas, aerossóis marinhos, solos e industrial. Os ventos fortes desse período tendem, assim, a incidir sobre os vários tipos de fontes. A empresa, no que tange à sua responsabilidade, intensifica seus controles ambientais, buscando reduzir ao máximo sua participação nas emissões”. 

A reportagem entrou em contato também com Vale. Assim que tiver um posicionamento da empresa, publicará neste espaço. Também foi solicitado posicionamento do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), órgão responsável pela licença das indústrias de Tubarão e pela fiscalização da qualidade do ar na Grande Vitória. Da mesma forma, assim que o órgão se manifestar, o posicionamento será publicado aqui.

Por fim a reportagem acionou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra (Semma). Quando este órgão der declaração, a mesma será reproduzida neste espaço.

Redação Jornal Tempo Novo

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