Apesar de já ter sido estatisticamente pior, a Serra convive com a chaga da violência há anos, e muita vez é vista com maus olhos por uma parte da população capixaba. No entanto, nos últimos dias, é Vitória que está passando por fortes turbulências de segurança pública, e em meio a isso, a Serra está sendo local de refúgio para abrigar traficantes fugidos da guerra pelo tráfico da capital.
De acordo com informações de A Gazeta, o bairro de Andorinhas em Vitória está no foco da disputa do tráfico de drogas, que já dura 20 dias de tiroteio e mortes. Com isso, traficantes que perdem espaço na divisão de forças do crime estão se refugiando na Serra, em locais dos quais outras gangues aliadas exercem influência.
Segundo fontes da segurança pública ouvidas pela reportagem de A Gazeta, a região que os traficantes estão buscando para se estabelecer no município é a grande Serra Sede, nos bairros Santo Antônio, Divinópolis e Cascata.
E entre as consequências da exportação de traficantes da capital é o aumento de crimes na Serra. “Os criminosos que saem de Vitória para esses locais entram com armas para apoiar o tráfico local, entregando arma nas mãos de muitos menores”, destacou uma fonte.
Na Serra, os bandidos dos bairros Santo Antônio e Divinópolis já tinham sua própria rivalidade com os do bairro São Marcos I, São Marcos II e Macafé, que recebe apoio de ‘soldados’ e armas do Primeiro Comando da Capital (PCV). O resultado disso são os crimes nos últimos dois finais de semana. Vale lembrar que todos esses bairros citados fazem parte da mesma região, a porção central do município, que é piramidada em Serra Sede.
Em abril, dois jovens já haviam sido assassinados em São Marcos, já nesse contexto de traficantes de Vitória entrado na Serra e fortalecendo as gangues locais. No último final de semana, a área que recebe os criminosos de Andorinhas, Divinópolis, enfrentou policiais militares. Um dos suspeitos morreu e cinco foram detidos, lembrou A Gazeta.
A reportagem procurou moradores e lideranças comunitárias das regiões citadas. Por razões obvias, ninguém quis se identificar. Eles confirmaram que há um clima de apreensão nas comunidades e que os moradores estão evitando circular após o inicio da noite.
A reportagem procurou a Prefeitura da Serra e as polícias civil e militar para atestar as informações narradas e apresentar ações no sentido de mitigar um hipotético conflito entre gangues da Serra ancorada na guerra do tráfico em Vitória.
De acordo com a Polícia Civil, o serviço de inteligência monitora as atividades criminosas em todos os ambientes, e é um trabalho realizado de modo sigiloso. A PC ressaltou que realiza trabalho de investigação contra o tráfico de drogas, e crimes relacionados, em todo o Estado e que o Espírito Santo fechou o primeiro quadrimestre de 2021 com uma redução de 13,5% nos registros de homicídios dolosos, no comparativo ao mesmo período do ano passado.
Ao todo, foram registradas 379 mortes de janeiro a abril, contra 438 assassinatos nesse mesmo período em 2020. O resultado representa o segundo menor desde 1996, atrás apenas de 2019, com 364 registros. A maior redução foi registrada na Região Metropolitana, que acumulou 31,2% de queda. Em 2021, foram 183 registros, contra 266 em 2020.
A Polícia Civil disse ainda que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, o disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.
A Prefeitura da Serra e a Polícia Militar, por sua vez não encaminharam nota sobre o assunto até a publicação dessa reportagem.
