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Violência, mortes por Covid e chuva: o março infernal para Planalto Serrano

Chuva causa tragédia em Planalto Serrano. Foto: Divulgação

Planalto Serrano é um dos maiores bairros da Serra, tem aproximadamente 20 mil habitantes, divididos em três blocos habitacionais (A, B e C), que faz parte da grande região de Serra Sede, estimada em 150 mil habitantes. Para situar aqueles que não conhecem o bairro, ele fica às margens da BR-101 no km 259-norte, logo após o viaduto de Campinho da Serra.

É um local cheio de gente trabalhadora, honesta e alegre, que precisa ‘matar um leão’ por dia para colocar comida em casa, mas sem tirar o sorriso do rosto. É um retrato do Brasil de verdade, um povo sofrido, mas que consegue encontrar felicidade em meio à dificuldade.

Infelizmente, nesse mês de março, os moradores de Planalto Serrano estão precisando ser ainda mais fortes. Isso porque em duas semanas as pessoas de bem que ali residem estão tendo que passar por provações. Tudo começa obviamente pela pandemia.

Planalto Serrano é um dos locais que mais tem registrado casos de contaminação pelo novo coronavírus. Ao todo cerca de 1.000 moradores já foram diagnosticados com a doença – sem contar as subnotificações – o que gerou 23 pessoas mortas. Ou seja, 23 famílias que choraram a perda de seus consanguíneos e tiveram que suportar a dor dos sepultamentos distantes, rápidos e insensíveis, típicos desse momento ‘infernal’ que estamos vivendo.

O temor é que o endurecimento da pandemia atinja números alarmantes de ocupação de leitos, fato que já ocorre em outros estados, e com isso o acesso à saúde seja ainda mais dificultado, uma vez que o bairro é em grande maioria atendido pelo SUS.

Mas o vírus, não é o único que mata. A epidemia de violência é uma chaga que Planalto Serrano conhece faz décadas, mas que neste ano tem sido pior. Basta lembrar-se da fatídica madrugada de terça-feira dia 02 de março, quando bandidos espalharam terror ao entrarem em guerra pelo domínio territorial e pela exploração do tráfico de drogas.

São quatro gangues que atuam nos três blocos de Planalto Serrano e vem escalonando os níveis de violência, da qual a população de bem é refém. O caso teve repercussão estadual, o que levou equipes da TV Gazeta e da TV Tribuna serem ameaçadas ao vivo, durante cobertura jornalística.

O caso até nacionalizou e levou centenas de policiais para o bairro. Mas, infelizmente a polícia não tem fôlego para se manter ostensivamente presente por muito tempo. E moradores temem o retorno do terror promovido pelas gangues em algumas semanas.

Como se tudo isso já não bastasse, ontem (10) os moradores ainda tiveram que passar por uma nova turbulência. O bairro foi fortemente atingido pelas chuvas que caíram durante a noite e início da madrugada.

Planalto Serrano é um local conurbado, apertado e cheio de ocupações irregulares, o que favorece o problema crônico vivido pela Serra, que são os alagamentos internos das comunidades. A chuva deixou moradores desalojados e uns tantos perderam seus bens e vão ter que reconstruir suas casas.

Além disso, o córrego Dr. Robson que corta o bairro tem várias construções ribeirinhas, aumentado muito os riscos de tragédias. Em épocas de grandes chuvas, o Dr. Robson vira um rio furioso arrastando tudo que há pela frente e caindo na Lagoa Juara – num ponto próximo a antiga praça dos pescadores, onde ocorria o famoso festival da tilápia.

Com o temporal, a ponte do bairro foi totalmente destruída – de novo – deixando moradores isolados já que a ponte liga os Bloco B e C ao Bloco A, que é a parte com acesso a BR-101.

Planalto Serrano merece e precisa de mais atenção dos poderes públicos, de todos os níveis e esferas. Olhar para os moradores de lá com olhos de acolhimento é um dever humanitário para com quem está em estado de sofrimento coletivo e continuado.

A violência, a pandemia e os estragos da chuva não podem tirar o sorriso dessas famílias. Não dá para população ficar no meio de tiroteio de traficante enquanto perder tudo na próxima chuva ou morre de covid. É desumano.

Redação Jornal Tempo Novo

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