Uma família da Serra recebeu uma visita para lá de diferente neste fim de semana. Um tamanduá mirim – Tamandua tetradactyla – resolveu dar uma volta para espairecer e entrou numa casa no bairro Solar de Anchieta, que fica próximo a região da Área de Proteção Ambiental Mestre Álvaro (APA).
Claykson Jones disse que acordou às 4 da manhã do domingo (15) e deu de cara com o bichinho. “Estávamos dormindo, acabamos acordando assustados. Ouvimos um barulho estranho dentro de casa e quando fomos olhar, era ele”.
A família entrou em contato com a Fiscalização Ambiental da Serra, que esteve no local e fez o resgate do animal. “Tentamos contato com outros órgãos, mas sem sucesso. A Fiscalização da Serra, veio e nos atendeu. Enquanto aguardávamos, conseguimos arrumar um barril alto e colocamos o tamanduá dentro dele pra que ele ficasse mais tranquilo até a chegada do resgate”, disse o morador.
O Tempo Novo procurou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) que informou que o tamanduá mirim estava saudável e por isso foi solto na APA da Lagoa Jacuném.
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De acordo com a Semma, em 2023, foram capturados 254 animais silvestres em território serrano. A maioria deles eram aves, cobras, gambás, jabutis, lagartos, macacos, porco espinho, roedores e tartaruga.
Já em 2022 foram resgatadas cobras, jacarés, isso sem contar com apreensões de pássaros e cães. No total, ainda no ano passado, foram mais de 530 animais resgatados e apreendidos.
Os animais que são resgatados, na maioria dos casos, são reinseridos ao seu habitat.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), por meio da Fiscalização Ambiental, atua no resgate de animais silvestres, na maioria dos casos, dando apoio às equipes da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, ONGs.
Importante ressaltar que não se deve tentar capturar os animais por conta própria. Esse trabalho deve ser feito por uma equipe qualificada. “Orientamos ainda, que se possível, isolar o local e não perder o animal de vista. As denúncias podem ser feitas pelo Aplicativo Colab ou pelo Disk-Denúncia: 99951-2321”, disse a Prefeitura por meio de nota.

Tamanduá mirim é inofensivo
O biólogo Cláudio Santiago, disse que o tamanduá é da espécie Tamandua tetradactyla, conhecido popularmente como tamanduá-mirim ou tamanduá de colete. É um mamífero de pequena estatura.
Cláudio disse ainda que o animal tem ocorrência em todo o território nacional e não está em nenhuma lista de espécie ameaçada, mas é um animal que infelizmente é predado para alimentação em alguns lugares e é muito atropelado em estradas.
Santiago também disse que o tamanduá-mirim é inofensivo e contou mais sobre a espécie. “Eles fazem toca em pedaço oco de árvore para descansar, em toca de tatu desabitada ou em alguma cavidade natural que eles encontrem. Se alimentam de cupim e formiga e podem se alimentar tanto no chão quanto nas árvores, pois é um bicho terrestre arborícola, ou seja, ele se dá bem nos dois ambientes com bastante desenvoltura. Vive escalando árvores e tudo mais”, especifica.

Um tamanduá-mirim adulto pode chegar a 60 centímetros. “Eles chegam na faixa de 7 quilos e outro aspecto interessante deste animal é que ele bota um filhotinho a cada gestação e o carrega nas costas. Em média pode viver uns 14 anos. Ele habita floresta, matinhas menores e até mangues já ouvi dizer que ele foi encontrado, é mais pela temperatura, ele não gosta de regiões muito frias. Quando ele se sente ameaçado ele fica nas duas perninhas de trás e abre os dois bracinhos e fica com eles abertos, quando a ameaça chega perto ele fecha os braços rapidamente”.
Os tamanduás também não têm diferença de macho e fêmea a olho nu. “É o que a gente chama dimorfismo sexual, eles não apresentam dimorfismo, então macho e fêmea são muito parecidos. Para saber o sexo, é necessário ver a região genital para saber quem é quem”, explica.
Por fim, Cláudio pontua que a população deste animal está em declínio no Brasil. “Principalmente por conta da pressão da população e perda de habitat, seja por principalmente incêndios, atividade agrária, caça para consumo e pele, desmatamento, como também pela malha viária por conta de atropelamento”.
O resgate do tamanduá, foi feito pela Fiscalização Ambiental da Serra e o animal que estava saudável e fisicamente bem foi devolvido para uma região de mata.
Serviço:
Fiscalização Ambiental da Serra
- Telefone: 99951-2321/ 0800 283 9780
- E-mail: dfa.semma@serra.es.gov.br
Cetas – Centro de Triagem de Animais
- Telefone: 27 3241-8374

