Veja vídeo e detalhes da ocorrência que terminou na prisão de vereador da Serra

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vereador serra

O Boletim Unificado nº 59944944, registrado na 3ª Delegacia Regional da Serra, traz em detalhes como foi a ação da Polícia Militar que terminou com a detenção do vereador Marlon Fred (PDT) na madrugada desta segunda-feira (15). O caso foi enquadrado como violação de domicílio contra mulher, no contexto da Lei Maria da Penha. (Veja o vídeo abaixo da matéria).

Invasão ao imóvel e início da confusão

De acordo com o registro feito pela PM, a ocorrência começou por volta das 3h44, em uma residência no bairro Alterosas, na Serra. A jovem L. F. B. acionou o 190 relatando que o ex-namorado de sua irmã, identificado como Marlon Fred, não teria aceitado o término do relacionamento e invadiu o imóvel ao pular o muro e alcançar o segundo piso da casa.

No local, segundo o boletim, o vereador teria passado a gritar e ameaçar os familiares da ex-companheira. O alvo principal seria o atual namorado dela, G. F. da C., que teria sido atacado com socos e chutes, o que deu início a uma luta corporal entre os dois. O documento aponta que o vereador ficou com escoriações na testa, tórax e membros inferiores, sem especificar se as lesões foram causadas pelo confronto com G. ou durante a posterior intervenção policial.

Chegada das viaturas e autorização para entrar na casa

Após o acionamento do Ciodes, a guarnição da RP 4826, composta pelo Sargento Pinheiro e pelo Soldado Soares, foi enviada ao endereço informado, com apoio da RP 5626, que tinha o Subtenente Maurício e o Soldado Marcelino. 

Ainda conforme o boletim, Larissa autorizou a entrada dos policiais na residência e pediu que a equipe retirasse o vereador do imóvel e fizesse buscas por uma possível arma de fogo, relatando que ele costumaria portar esse tipo de armamento.

Tentativa de impedir a PM e clima de tensão

Ao acessar a casa, os militares afirmaram que encontraram o vereador dentro da residência, dizendo que os policiais não eram “convidados” para estar ali e mandando que saíssem. Diante da equipe, Larissa passou a acusá-lo de invadir a casa e xingar os familiares, o que, segundo o registro, configurou para a PM uma situação de invasão de domicílio e violência psicológica contra a vítima.

Comunicação de detenção e início da resistência

O boletim relata que, após essa situação, Marlon Fred foi informado de sua detenção e convidado a descer as escadas para ser conduzido até a viatura. No entanto, o vereador teria se recusado a sair e passado a ameaçar os policiais, com frases como “eu vou f… com vocês”, segundo trecho reproduzido pelos militares no documento.

Tentativas de convencimento verbal teriam sido feitas, mas sem sucesso, o que, de acordo com a versão da PM, levou à necessidade de conter fisicamente o parlamentar.

Luta corporal com policiais e uso de Taser

Na sequência, o histórico da ocorrência descreve que o Sargento Pinheiro segurou o punho direito do vereador para impedir que ele se escondesse no interior do imóvel. Ao mesmo tempo, os soldados Soares e Marcelino tentavam segurar o punho esquerdo de Marlon, momento em que ele teria desferido socos contra os militares. Um dos golpes atingiu o olho esquerdo do Soldado Marcelino, que continuou na contenção mesmo lesionado.

A PM afirma que a luta corporal durou cerca de cinco minutos, na varanda da casa, até a entrada do Subtenente Maurício, que estava do lado de fora e passou a apoiar a ação. Diante da resistência, o Soldado Marcelino utilizou um Taser 7, arma de condução elétrica, aplicado por contato direto na região do tórax do vereador. Após o disparo, a equipe conseguiu imobilizar e algemar Marlon, que foi informado de seus direitos constitucionais.

Buscas por arma e descrição de ferimentos

Na etapa seguinte, os militares realizaram buscas na casa e no carro do vereador, uma Range Rover Evoque, em busca de arma de fogo. Segundo o BU, nenhuma arma foi encontrada. A revista teria sido feita na presença de Larissa.

O boletim descreve que o vereador apresentava inchaço e equimose nos olhos, inchaço na testa, na canela esquerda e diversas escoriações pelo corpo. O próprio documento ressalta que não foi possível determinar se essas lesões aconteceram na luta com o atual namorado da ex-companheira ou durante a ação policial.

Já o Soldado Thiago Marcelino da Cunha aparece no BU como vítima (agente da lei), por conta da lesão no olho esquerdo.

Ameaças na delegacia e recusa de atendimento médico

Depois da contenção, os envolvidos foram levados à UPA de Castelândia e, em seguida, à 3ª Delegacia Regional da Serra. O boletim registra que, ao sair do compartimento de segurança da viatura e ser conduzido à sala de classificação de risco, o vereador teria voltado a ameaçar os policiais, dizendo que gastaria “até um milhão de reais” para tirá-los da corporação e que usaria sua influência para “acabar com a vida” dos militares.

O documento informa ainda que, apesar de apresentar escoriações, o vereador recusou atendimento médico, e essa recusa foi confirmada pela médica da unidade que o examinou e registrou a decisão. Já o Soldado Marcelino passou por avaliação em razão da lesão no olho.

Violência doméstica e anexos de vídeo

No campo dos envolvidos, L. F. B., de 21 anos, é registrada como vítima e o boletim marca que ela sofreu violência doméstica e familiar, nos termos da Lei Maria da Penha, ainda que não haja lesões físicas declaradas.

O BU também informa que foram anexados vídeos e imagens à ocorrência, incluindo gravações da condução do vereador para a viatura, da resistência do acusado, da declaração de recusa de atendimento médico e do relato dos fatos feito pela vítima, além de foto da lesão no policial militar.

Comunicação ao comando e acompanhamento da Câmara

Por se tratar de uma autoridade pública, os policiais registram que todos os passos da ocorrência foram comunicados ao comando da 14ª Cia Independente, ao comandante-geral da PMES e ao secretário de Segurança Pública do Estado.

O boletim também cita que o vereador Agente GCM Dias, da Serra, compareceu à delegacia durante o registro, afirmando que estava no local a pedido do presidente da Câmara, William Miranda, e solicitou cópia da ocorrência.

O Tempo Novo procurou a Polícia Civil para obter mais informações sobre o caso. Por meio de nota, a instituição disse que a ocorrência está em andamento no plantão vigente da Delegacia Regional de Serra. Somente após a conclusão das oitivas da ocorrência teremos informações sobre o procedimento que será adotado pelo delegado da Central de Teleflagrante.  

A reportagem também acionou a Polícia Militar, assim que a demanda for respondida será publicada neste espaço.

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Mari Nascimento

Mari Nascimento é repórter do Tempo Novo há 21 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal, principalmente para a de Política.

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