Farmacêuticas assumem dificuldade na entrega de remédios e Serra teme desabastecimento

O mundo inteiro vive um cenário de grande instabilidade; vide os impactos deixados pela pandemia da Covid-19, a inflação descontrolada, o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia e o temor de uma possível 3ª Guerra Mundial. Mas o que pouca gente imagina é que estes fatores estão impactando em cheio a indústria farmacêutica, trazendo risco de desabastecimento até para o sistema público de saúde da Serra.

Na prática, a Prefeitura da Serra está adquirindo os medicamentos, como de praxe, mas enfrenta dificuldades na entrega dos remédios, já que as farmacêuticas não estão conseguindo produzir os produtos no tempo contratado. Entre os medicamentos que estão indisponíveis ou perto de faltar na cidade, estão ibuprofeno, amoxilina, loratadina, entre outros.

Além da falta ou atraso nos componentes químicos utilizados para a produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), há também, consequentemente, atraso na distribuição, causado por alterações e suspensões de voos, por exemplo, o que impacta na logística de distribuição.

Além disso, o aumento de casos da Covid-19 em diversos países provoca afastamento de mão de obras nos laboratórios, afetando todos os setores: aviação, indústrias, laboratórios, entre outros; e, por conta das questões sanitárias, as etapas e exigências para as importações e exportações têm sofrido delongas nos prazos de liberação.

Em e-mails enviados para a Secretaria de Saúde da Serra, empresas do ramo farmacêutico – que possuem contratos com o Município – admitiram as dificuldades na entrega dos produtos contratados. Uma delas – NSA Medicamentos – afirma que desde o início da pandemia, a demanda aumentou, o que ocasionou consequências diretas nas comercializações.

Outro laboratório, o GSK, pediram desculpas pelos transtornos na entrega de alguns remédios afirmando que os produtos são importados do Reino Unido e que, por motivos relacionados a matéria prima, estão enfrentando problemas temporários no abastecimento destes itens no Brasil, inclusive, na Serra. Neste caso, o laboratório ampliou o prazo de normalização para a segunda semana de maio.

Confira os e-mails abaixo:

Em nota enviada ao Jornal Tempo Novo, a Prefeitura da Serra ressaltou ainda que, atualmente, o mundo é dependente da produção de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA) dos países asiáticos como China e Índia, principalmente, e qualquer instabilidade no processo produtivo decorrente das adversidades presentes afeta diretamente sua produção e, consequentemente, na sua logística.

“Estamos vivenciando um cenário de grande instabilidade. Fatores como a pandemia da Covid-19 e o conflito militar bélico entre a Rússia e Ucrânia, em razão da globalização, têm refletido na questão da disponibilidade de diversos tipos de materiais, produtos farmacêuticos, insumos, componentes eletrônicos, entre outros”, diz o texto da nota.

O Município ainda afirmou que esse reflexo já está sendo sentido pelas indústrias e distribuidoras de medicamentos. “E, em um processo em cadeia, nós, município, também somos impactados. Em alguns momentos ou situações pode ocorrer de não aparecerem fornecedores interessados e/ou problemas relacionados à produção do medicamento que provocam atraso nas entregas”, finalizou.

A Prefeitura da Serra criou uma aba no seu site oficial onde os moradores podem obter mais informações sobre a situação de cada medicamento da cidade, acesse o link clicando aqui. Os dados são atualizados semanalmente.

Lista de medicamentos em falta na cidade:

Desabastecimento também afeta setor privado

A reportagem conversou com proprietários de farmácias privadas situadas na Serra. Os empresários confirmaram a dificuldade na aquisição de medicamentos e disse que isso também afeta o setor privado.

“A indústria farmacêutica realmente está enfrentando este problema. Muitas vezes faltam insumos para a produção, o que acaba atrasando as entregas dos medicamentos. Por conta disso, começa a ser comum a cena do cliente solicitar um remédio na farmácia e a gente acabar não tendo para fornecer”, disse um dos empresários que preferiu não se identificar.