
Com 10 anos de estrada no triatlo e atualmente em sua preparação mais intensa, o triatleta Vitor Rezende encara neste domingo (1º) um dos maiores desafios de sua trajetória esportiva: o Ironman Brasil, em Jurerê Internacional, Florianópolis. Em entrevista exclusiva com o Tempo Novo, ele compartilha os bastidores de sua rotina de treinos, os pontos mais difíceis da prova e a motivação que o move rumo à linha de chegada.
O morador da Serra, desembarcou em Jurerê Internacional, localizado em Florianópolis, na última quarta-feira (28) e desde então está realizando o reconhecimento de campos. No caso, campos está no plural, já que o percurso da competição inclui 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida – o equivalente a uma maratona completa.
“Ironman é um marco na vida de qualquer praticante de esporte”, afirma Vitor. A frase resume bem o espírito que o acompanha nos últimos 10 meses de preparação específica para a prova, com uma média de 15 a 18 horas de treino por semana. Um ciclo intenso, que vai desde o desenvolvimento da base aeróbica até os ajustes finos de alimentação e suplementação.
Segundo ele, as provas anteriores – como o Capixaba de Ferro e o Campeonato Estadual organizado pela FECATRI – funcionam como verdadeiros ensaios. “Ali a gente treina a alimentação, a rotina pré-prova, o uso dos equipamentos. Além de se divertir e melhorar o condicionamento, é um grande teste para o Ironman”, explica.
Apesar de considerar a natação seu maior desafio pessoal, Vitor acredita que a parte mais difícil da prova, na prática, é o ciclismo. “São 180 km em cima da bicicleta, é onde você passa mais tempo. Chega a ser desgastante ficar tanto tempo na mesma posição. E ainda é o momento crucial para se alimentar, porque na corrida isso fica mais complicado”, relata. A posição aerodinâmica exigida pelas bikes específicas de triatlo também contribui para o desafio, sendo tecnicamente exigente e fisicamente desconfortável.
O percurso da prova em Florianópolis, no entanto, oferece algumas vantagens. “O ciclismo aqui é conhecido por ser bom, rápido, com poucas subidas. A corrida também é plana, o que ajuda bastante”, destaca. Já as condições climáticas têm sido um misto de desafio e benefício. “Tá muito frio fora d’água, mas o mar está com temperatura de 21°C, o que favorece a natação”, comenta.
Motivação além do esporte
Mais do que competir, Vitor vê no Ironman um exercício de superação pessoal que ultrapassa as fronteiras do esporte. “Você precisa ter plano A, B e C. Quando replica isso na vida, no trabalho, você se torna mais preparado para lidar com decisões difíceis”, reflete. Para ele, o triatlo de longa distância – ou endurance – fortalece corpo e mente. “É qualidade de vida, saúde, conexões humanas. A energia que existe nesse ambiente é indescritível.”
“A ilha é mágica”, diz Vitor sobre Jurerê, bairro de Florianópolis que sedia o evento. “Desde que cheguei, só vejo gente treinando, praticando esporte. É surreal. É uma energia diferente, de superação, de propósito.”
Expectativa de desempenho
Com base nos números de seus treinos e métricas de potência, Vitor mira concluir a prova em “10 horas e alto ou 11 horas baixo”. Para efeito de comparação, atletas amadores bem preparados costumam terminar o Ironman abaixo de 10 horas, enquanto os profissionais de elite cruzam a linha de chegada entre 7h40 e 8h.
Independentemente do tempo final, Vitor já sabe que completar a prova será uma conquista monumental. “Concluir essa prova com certeza vai elevar meu patamar como atleta amador. Vai ser uma vitória pessoal enorme.”