Eles nasceram e cresceram na Serra, mas por mais de quatro décadas carregam o nome de outra cidade. Os polos Civit I e Civit II, que desde os anos 1970 impulsionam a economia capixaba, ainda ostentam a sigla de Centro Industrial de Vitória – mesmo nunca tendo pertencido à capital. Agora, um projeto de lei protocolado na Câmara da Serra busca corrigir essa distorção e rebatizar os bairros como Centro Empresarial da Serra I e II, devolvendo ao município o reconhecimento que sempre lhe coube.
A proposta é de autoria do vereador George Guanabara (Podemos) e foi protocolada sob o número PL 941/2025.
O texto muda os nomes sem alterar os limites geográficos e autoriza o Executivo a atualizar cadastros, mapas e registros cartoriais. Também determina que a substituição será feita sem custos ou burocracia adicional para empresas e moradores.
De “Centro Industrial de Vitória” ao coração econômico da Serra
O nome “Centro Industrial de Vitória” nasceu nos anos 1970, durante o auge dos Grandes Projetos Industriais, quando o Espírito Santo vivia uma onda de modernização econômica impulsionada pela Vale e pela recém-criada Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST).
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A ideia inicial era implantar o polo na capital, mas os estudos técnicos mostraram que isso comprometeria a urbanização de Vitória, que à época se expandia com forte adensamento populacional. A alternativa foi deslocar o projeto para uma área vizinha – o território serrano, onde o polo foi construído e posteriormente ampliado, dando origem ao Civit II.
Mesmo assim, o nome “Vitória” permaneceu e, por mais de quatro décadas, os bairros que abrigam milhares de trabalhadores e empresas continuaram levando a marca da capital, e não do município onde efetivamente nasceram.
Atualização simbólica e econômica
Na justificativa do projeto, o vereador George Guanabara argumenta que a mudança “corrige uma distorção geográfica e reforça a identidade da Serra como polo de negócios e investimentos”, conforme apurado pelo Portal Tempo Novo.
Ele também destaca que o termo “Empresarial” é mais fiel à realidade atual, já que a região deixou de ser apenas um espaço industrial e hoje abriga um ecossistema diversificado de indústria, comércio, serviços e varejo.
“O Civit é, hoje, o maior centro empresarial do Espírito Santo. A Serra precisa ser reconhecida como o que realmente é: o motor da economia capixaba”, defende Guanabara no documento.
A proposta recebeu apoio formal da Associação dos Empresários da Serra (Ases), que há mais de 40 anos representa o setor produtivo do município. A entidade reforça que o novo nome também trará benefícios práticos, evitando confusões logísticas e de endereçamento, já que a referência a “Vitória” ainda causa erros em entregas e cadastros corporativos.
Identidade e pertencimento
Para além das questões administrativas, o projeto tem valor simbólico. Ele devolve à Serra o crédito por ter se transformado em um dos maiores centros industriais e empresariais do Estado, responsável por grande parte da arrecadação e geração de empregos do Espírito Santo.
Caso aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito, o Civit passará a se chamar Centro Empresarial da Serra.

