Uma professora temporária da rede municipal da Serra foi desligada do cargo após ser acusada de agredir fisicamente e proferir comentários de cunho racista contra estudantes do 5º ano do ensino fundamental. O episódio ocorreu no dia 22 de julho e motivou uma denúncia formal entregue por mães de alunos à Secretaria Municipal de Educação no dia seguinte.
Em nota oficial enviada ao Portal Tempo Novo, a secretaria informou que repudia qualquer ato de racismo e que tomou providências imediatas ao tomar conhecimento do caso. A docente, que atuava por designação temporária, foi ouvida e teve o contrato encerrado em razão da gravidade dos relatos. O caso ocorreu na Emef São Diogo.
Segundo as mães, a professora havia assumido a turma de forma emergencial, após a docente titular passar mal. Ainda na entrada dos estudantes na sala de aula, relatos apontam que a substituta já demonstrava comportamento agressivo. Uma das mães contou que a filha viu a educadora exaltada, batendo na mesa e gritando com os alunos para que se calassem.
Professora teria dado mata-leão em aluno
Durante a aula, dois alunos teriam sussurrado entre si, o que teria irritado a professora. Conforme o relato de uma das mães, ao questionar um dos meninos sobre o que havia sido dito, a docente aplicou um mata-leão e continuou apertando o pescoço do estudante até que ele falasse. Como a criança permaneceu em silêncio, ela só teria parado ao perceber que não obteria a resposta.
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Outro aluno também teria sido alvo da agressividade. A professora, segundo os relatos, jogou um apagador contra ele e continuou proferindo falas intimidadoras diante da turma. “Minha filha não chegou a ser agredida, mas ficou muito assustada. Ela saiu do lugar onde estava sentada e foi para o fundo da sala com medo de ser a próxima”, contou uma das responsáveis.
Os danos emocionais fizeram com que a aluna resistisse a voltar à escola no dia seguinte. “Não foi só físico, foi psicológico. As crianças ficaram com medo, inseguras. Minha filha chorava só de lembrar do que viveu”, desabafou a mãe.
Falas racistas na escola da Serra
Além da violência física e psicológica, os alunos também relataram episódios de discriminação racial. Uma das situações teria ocorrido quando uma criança chamou a professora de “tia”. Incomodada, ela teria respondido: “Não sou nada seu. Meu filho é branco, você é negro. Você não é da minha família”.
Diante da reação dos estudantes, que cogitaram denunciá-la, a educadora ainda teria afirmado que não havia problema, pois a sala não contava com câmeras de segurança. A resposta chocou as famílias. “Ela sabia exatamente o que estava fazendo. E isso é revoltante. Estamos falando de crianças. Precisamos nos unir para impedir que casos assim continuem acontecendo”, declarou uma das mães.
O que diz a Prefeitura da Serra?
A Secretaria de Educação da Serra (Sedu) disse em nota que condena todo e qualquer tipo de ato de racismo. Informou também que, após tomar ciência do caso, adotou imediatamente todas as providências cabíveis. A profissional envolvida, que atuava em regime de designação temporária, foi ouvida e, diante da grave situação, teve seu contrato encerrado – não fazendo mais parte dos quadros da prefeitura.
“O episódio, lamentável e totalmente incompatível com os valores da rede municipal de ensino, aconteceu enquanto a profissional substituía a professora titular de uma turma do 5º ano da Emef São Diogo. Os estudantes que presenciaram o fato foram acolhidos individualmente e receberam o apoio da equipe pedagógica. A direção da unidade também prestou atendimento às famílias e permanece disponível para escuta e diálogo com os responsáveis”, diz o texto da nota.

