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“Se a política não servir para fazer justiça, não serve mais pra nada”

Jaqueline Moraes foi vereadora em Cariacica e iniciou a militância no bairro Operário. Foto: Gabriel Almeida

Por Yuri Scardini

Essa semana o Tempo Novo entrevistou Jacqueline Moraes, candidata a vice na chapa de Renato Casagrande ao Governo. Formada em Direito, microempreendedora, mulher, negra, Jaqueline surgiu nas comunidades de Cariacica. Lutou por investimentos no bairro Operário e se credenciou para ser vereadora. Nessa entrevista ela conta sobre a escolha de seu nome para a vice do candidato favorito nas pesquisas, defende políticas de inclusão social e aposta num novo momento de desenvolvimento para o ES.

Como foi sua trajetória política?

 Começou pela militância na comunidade, quando ganhei a primeira eleição no bairro Operário em Cariacica no ano de 2008. Comecei a acompanhar e entender mais, estar próxima da prefeitura, da Câmara e ver como as coisas funcionavam. Lutávamos por mais investimentos, e durante uma palestra de Renato Casagrande, na época em que ele articulava sua campanha de senador, ele falou sobre recursos do PAC do Governo Federal. Isso nos acendeu uma luz, brigamos por aquilo e conseguimos incluir o bairro em obras contempladas, foram mais de R$ 12 milhões. Meu bairro tinha 36 ruas, e apenas uma pavimentada. Hoje nós temos 90% do bairro pavimentado.

A partir disso você decidiu ser candidata à vereadora?

Ajudou muito. Mas foi em 2012 que me elegi, quando meu marido arriscou uma candidatura a prefeito, e eu vim para vereadora. Fui a sexta mais votada de Cariacica; fui duas vezes vice-presidente da Câmara e presidente da Comissão de Saúde e Educação. Fazia um trabalho de fiscalização, fazia os apontamentos. Criei um gabinete móvel, chamado JacMóvel, que era uma Kombi que a gente ia para a comunidade ouvir as pessoas.

Qual ação você destaca no seu mandato?

 Tivemos um projeto aprovado que teve uma repercussão legal, a respeito da merenda escolar direto dos produtores de orgânicos de Cariacica. Muitos produtores orgânicos que plantavam, tinham colheita e não conseguiam dar vazão a isso, e fizemos um projeto que foi aprovado, e sancionado pelo então prefeito. Também tivemos um projeto aprovado que premiava as escolas e os professores que trabalhassem com o tema da Consciência Negra. Sempre lutamos a favor dos movimentos sociais dentro do mandato.

Como está a receptividade da população nessa eleição?

 As pessoas estão manifestando o apoio ao Renato, até porque o ele nunca deixou de conversar com as pessoas para a construção do programa de governo, no momento em que o Estado vive uma falta de diálogo através da atual administração. Ele fez o Conversa de Futuro, onde nós tivemos 40 edições em todo o Estado, onde as pessoas comuns relatavam que a escola que não tinha merenda, do EJA, que foi fechado, isso nós ouvimos da comunidade, da rua…

A política é predominantemente masculina e branca, 80% dos deputados federais são homens e brancos. Como se deu essa articulação que culminou na sua indicação como vice de Casagrande?

 Foi uma grande surpresa o meu nome, até por conta da aliança ampla que tínhamos. Mas o que eu entendi é que o Renato foi muito habilidoso em conversar com todo mundo e dizer da sua vontade de ter uma mulher. Eu acho que ele foi muito sensível a essa mudança nacional que está havendo, de empoderamento da mulher. Sei que o Renato acredita na nossa competência de representar aquilo que a gente já vem fazendo ao longo da nossa trajetória, que é a dos movimentos sociais; a representação da mulher negra. Se você quer um resultado em um governo, não pode agir com arrogância, com prepotência; tem que agir dialogando com as pessoas.

Caso Renato Casagrande seja eleito, você é a primeira na linha de sucessão dele. Se sente preparada para assumir o cargo, em uma eventual vacância?

 Primeiro vamos ganhar a eleição. Eu posso afirmar que estou preparada para qualquer desafio. Por quê? A minha trajetória de vida, eu sou microempreendedora, mulher, negra e sofri discriminação social. Acho que isso vai preparando a gente para não ter medo de desafios. Agora, a capacidade que eu vejo de um governo é você formar uma boa equipe. Ninguém trabalha sozinho; você trabalha ouvindo as pessoas, dialogando, ofertar para o povo capixaba uma política mais social, mais igualitária e com justiça. Se a política não servir para fazer justiça não serve mais pra nada.

Quais as perspectivas para a Serra num eventual Governo de Casagrande?

Estamos na expectativa de inaugurar um novo ciclo no Estado e muito entusiasmados para fazer o ES voltar a crescer. A Serra pulsa mais esse crescer, então é importante que a gente trate essas questões com o setor produtivo, com a animação, a inteligência para pensar novos ciclos econômicos. Renato tem um dinamismo grande de pensar o interior, para que possa equilibrar as condições socioeconômicas. Fazer política é fazer justiça; precisa pensar que tem que levar pra onde não tem e ter sustentabilidade; criar um ambiente favorável para o Estado, que também é um propulsor de negócio para o país, com nossa logística marítima, ferroviária. Tem que fazer isso funcionar a todo vapor.

Ana Paula Bonelli

Moradora da Serra, Ana Paula Bonelli é repórter do Tempo Novo há 25 anos. Atualmente, a jornalista escreve para diversas editorias do portal.

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