Por Helen Santos:

Falar sobre saúde mental também é reconhecer que o ser humano vai além da mente e do corpo — ele tem uma dimensão espiritual que, para muitos, é uma fonte de força em momentos difíceis. A espiritualidade, independentemente de estar ligada a uma religião ou não, pode ser um importante recurso de enfrentamento emocional, ajudando as pessoas a encontrarem sentido, esperança e equilíbrio mesmo diante da dor.
É importante, no entanto, entender que espiritualidade e religiosidade não são a mesma coisa. A religiosidade está relacionada a práticas, crenças e tradições específicas de uma religião. Já a espiritualidade pode ser vivida de forma mais ampla — por meio da conexão consigo mesmo, com a natureza, com o outro ou com algo maior. Ambas podem contribuir para o bem-estar emocional, mas é a vivência interior e o sentimento de propósito que, muitas vezes, fortalecem a saúde mental.
Dentro da psicologia, há abordagens que reconhecem essa dimensão espiritual no cuidado com o ser humano. Um dos pioneiros nesse olhar foi Carl Gustav Jung, que acreditava que a espiritualidade fazia parte da jornada de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Hoje, a psicologia transpessoal dá continuidade a esse pensamento, considerando o ser humano em sua totalidade — corpo, mente e alma — e acolhendo sua busca por significado e transcendência.
Valorizar a espiritualidade no cuidado emocional é reconhecer que todos nós buscamos, em algum momento, um sentido maior para a vida. E quando essa busca é acolhida com respeito e equilíbrio, ela pode ser uma ponte poderosa entre sofrimento e bem-estar, entre o caos e a reconexão com o que realmente importa.