A história da Insurreição do Queimado – a maior revolta de escravos do ES, vai ganhar um documentário para retratar o ocorrido em março de 1849 quando negros lutaram pela liberdade na Serra, no distrito de Queimado.
Um time de artistas irá se reunir no próximo sábado (12) para gravar a segunda etapa do documentário “Queimado – A luta pela liberdade’, projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc e que tem como idealizador Rogério de Morais Martins que já comandou o Conselho de Cultura da Serra.
Vale destacar que durante as gravações do documentário, as Ruínas do Queimado serão reservadas e visitas não acontecerão durante este período. Portanto, no sábado (12), o espaço estará reservado das 7h30 até 12h30 para as gravações.
O elenco contará com grandes figuras da cultura capixaba e serrana que darão seus depoimentos acerca da história. Participam os historiadores Clério José Borges, o pesquisador Irineu Cruzeiro, o poeta Teodorico Boa Morte e o professor Dr. André Malverdes.
Para as encenações, o elenco contará com os atores Marcus Konká, Bené Freire, Verônica Gomes, Elisa Rosa, entre outros.
“Trata-se de um documentário de audiovisual que retrata a história do patrimônio histórico Cultural de São José do Queimado, mostrando a importância do bem histórico e cultural na região de Queimado, focando a Revolta de Queimado, a arquitetura da igreja, a localização, a população, o restauro, e outros aspectos”, conta Rogério.
Fazem parte ainda da equipe de produção de audiovisual a cineasta Suzi Nunes, como assistente de direção, a atriz e professora de interpretação teatral Verônica Gomes. A direção fica por conta do professor Rogério Morais, que é morador de Valparaíso.
“O personagem principal Elisiário será interpretado pelo ator Marcus Konká, o Frei Gregório por Clério José Borges, e a atriz Elisa Rosa, interpretará a esposa de um dos negros”, adianta Rogério.
Veja trailer do documentário:
No documentário, com aproximadamente 15 minutos, serão abordados a preservação do patrimônio histórico e da memória, a revolta dos negros escravos em busca pela liberdade, a promessa de alforria, a construção da igreja, a condenação dos negros e a terrível “Lagoa das Almas”.
A previsão do lançamento é para o início de julho deste ano. O documentário será compartilhado gratuitamente num canal de YouTube que será divulgado posteriormente pela produção. “Nossa ideia é recontar este momento e fazer chegar às escolas a história dos negros na Serra, a Revolta do Queimado. O documentário será um instrumento que possibilitará aos pesquisadores, professores e historiadores permanecer viva a história de luta dos negros, que aconteceu na Serra em 1849. O documentário resgata a história de luta sangrenta pela liberdade, mas também levar o telespectador a refletir sobre a desiqualdade social, a busca por direitos iguais e sem desigualdade social”.
Primeira etapa aconteceu em abril
A primeira etapa das gravações ocorreu em 24 de abril quando foram gravados os depoimentos de Clério José Borges, Dr. André Malverdes, Irineu Cruzeiro e Teodorico Boa Morte.
A segunda etapa, acontece neste sábado (12), com as gravações nas Ruínas do Queimado. Neste dia, as encenações serão gravadas por uma equipe de três operadores de câmera e dois especialistas de filmagem área (drone). Na encenação, ocorrerão sete cenas, que ilustram a luta dos negros pela liberdade. Parte das encenações ocorrerão nas Ruínas do Queimado e outros, nas intermediações do Sítio Histórico.
A terceira etapa, será gravada a Vila do Queimado, as paisagens, o rio Santa Maria da Vitória, a arquitetura das Ruínas, o cemitério, e outros.
Sinopse do documentário “Queimado – A Luta pela Liberdade”
Parecia que estava tudo bem na Vila de São José do Queimado, mas faltavam a eles o mais importante para se viver: a liberdade. Ali naquele lugar, negros trabalhavam muitas horas por dia para fazendeiros em condições precárias, sem respeito algum e o pior, sem liberdade, pois aos fazendeiros, pertenciam a mão de obra escrava.
Foi aí então que surgiu um homem chamado Elisiário Rangel que tentou mudar a realidade daquele lugar. Só que ele e seus amigos não contavam que, caso houvesse algum desfecho inesperado, eles poderiam ser punidos com chibatadas, enforcados ou até mortos e jogados dentro da “lagoa das almas”, e esquecidos para sempre.
Sobre o idealizador do documentário
Rogério é professor efetivo da Prefeitura da Serra, professor de teatro, produtor cultural, membro da Academia de Letras e Artes da Serra, vice-presidente da Associação Cultural Guardiões do Queimado e diretor do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Espírito Santo.