Revitalização da Abdo Saad: obra deixa a desejar e causa insatisfação em Jacaraípe

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Crédito: Divulgação
ES 010
Uma das principais reclamações na obra da rodovia ES 010 é o fechamento dos retornos e entradas que dão acesso a bairros, como é o caso da Praia de Capuba, que teve o acesso a praia e a comunidade fechados. Crédito: Divulgação leitor

Iniciada há cerca de um ano e sete meses, a revitalização da rodovia ES 010/Abdo Saad, que está quase pronta, está longe de agradar moradores e comerciantes da região de Jacaraípe, na Serra. As intervenções tiveram início em maio de 2021 e a obra está sendo realizada pelo Governo do Estado, através do Departamento de Estrada e Rodagens (DER).

O investimento inicial previsto era de R$ 37,9 milhões e a empresa Cinco Estrelas, de acordo com o Governo do Estado, teria dois anos para concluir os serviços, por meio do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), que impede aditivos (de valor ou de prazo) na execução da obra, ou seja, precisa cumprir os valores firmados e o prazo dado inicialmente.

Apesar de estar dentro do prazo de conclusão, há muitas reclamações e insatisfações na região com o que já foi feito na obra. O asfalto da rodovia que já está totalmente revitalizado, ainda não conta em alguns trechos, com sinalização adequada, o que tem causado acidentes.

A população da região procurou o Tempo Novo e tem diversas queixas sobre as intervenções realizadas, principalmente no pedaço da rodovia que vai da Avenida Minas Gerais até o bairro Costa Bela.

O Tempo Novo procurou o DER-ES para falar sobre o assunto desde a manhã da última segunda (7) e as demandas enviadas foram ignoradas pelo órgão que não respondeu as questões pontuadas pela população.

Morador e liderança comunitária de Praia de Capuba, Nelson de Jesus Paz, revelou que a maioria das pessoas que residem no bairro está insatisfeita com a obra.

“A obra é bem-vinda, mas faltou bom senso pois fecharam a entrada do bairro e a passagem da praia para o bairro. Se andar um pouquinho pela via, falta faixa de pedestre, sinalização em geral, fora que os veículos tem passado nesse pedaço, em alta velocidade. Precisamos de redutor de velocidade urgentemente nesse trecho, que antes da revitalização já era perigoso e agora está um caos”, enfatizou.

Do Conselho Interativo de Segurança Pública da Grande Jacaraípe e Manguinhos (CISPJAM), José Henrique que é do bairro Das Laranjeiras, pontuou que as principais reclamações e disse que a obra frustrou muita gente, começando pelo comércio local, que foi prejudicado por conta dos poucos pontos de retorno e falta de estacionamento.

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“Fora imperfeições que existem, sobretudo na parte do Bairro Das Laranjeiras até Costa Bela. Também falta de sinalização; falta redutor de velocidade. Em alguns pontos, em trechos de retas, há sinuosidade no meio fio, que pode colaborar para acidentes; há muitos pontos da via sem calçada. Nestes locais os pedestres esperam o ônibus no meio da rua, ou seja, um perigo. Além disso, falta acessibilidade”, disse Henrique o presidente do CISPJAM.

Henrique afirmou ainda que há diálogo com o Estado sobre as possíveis mudanças, mas que não há previsão para que as reivindicações sejam atendidas. “Numa das reuniões que tivemos, o presidente do DER disse, que para atender a demanda dos moradores, iria fazer um aditivo no contrato da obra e que os pontos aonde faltam calçada com acessibilidade, estão aguardando decisão judicial, pois, de acordo com ele, são pontos onde o proprietário não autorizou a demolição de parte do seu imóvel para fazer o passeio. Mas foi garantido que haverá acessibilidade em toda a via”.

Já Daniele Curty, que está à frente da Associação Comercial e Empresarial de Jacaraípe (Acejac), reforçou a reclamação de moradores e comerciantes; de acordo com ela, em setembro, em conversa com o DER, onde cerca de 60 comerciantes participaram, o órgão disse que atenderia a todas as mudanças que estão sendo solicitadas.

“Inclusive acabar com giros de quadra, colocar mais faixa elevada e melhorar a sinalização. Atualmente os canteiros centrais em algumas partes tem menos de 30 centímetros, quando passa um caminhão maior, a placa é arrancada e perdida”.

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De acordo com Daniele, o DER está enfrentando problemas com mais de 100 pontos de desapropriação ao longo da rodovia. “Sendo que muitos estão sendo tratados de forma jurídica e eles não podem mexer. Para não atrasar a obra, eles mexeram do jeito que deu para fazer e estão aguardando as decisões judiciais para concluir o trabalho”.

Daniele disse ainda que também ficou definido nessa reunião, faixa elevada com pintura refletiva, instalação de três redutores de velocidade, sendo um, próximo a Mecânica do Léo, outro no Posto Anacleto e um terceiro em Capuba. “Está em fase de execução e quase finalizado, foi demanda atendida de imediato nesta reunião. Outros cerca de 30 itens foram listados e estão sendo estudados”.

Outra reclamação são os retornos que foram praticamente todos fechados, causando transtorno a motoristas e moradores e comerciantes. “Os retornos, nesta reunião ficou decidido que serão todos reabertos e que terão sinalização adequada. O objetivo é deixar a Abdo Saad mais lenta possível, pois é melhor para pedestres e comerciantes. Também tem problemas na drenagem da via, que precisa ser revisto”.

Foto de Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli

Ana Paula Bonelli é repórter e chefe de redação do Jornal Tempo Novo, com 25 anos de atuação na equipe. Ao longo de sua trajetória, já contribuiu com diversas editorias do portal e hoje se destaca também à frente da coluna Divirta-se.

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