Bruno Lyra
Bastaram pouco mais de duas semanas, vento forte e calor intenso para que o rio Santa Maria, responsável pelo abastecimento da cidade, tivesse queda acentuada da vazão e já está quatro vezes mais baixa que a média histórica de janeiro. E isso num contexto onde as praias da cidade estão cheias, inclusive com turistas de outros municípios e estados, o que junto com o calor aumenta a demanda por água.
Ontem (05) a vazão do rio estava em 6,1 mil litros por segundo. Oito dias, em 28 de dezembro, ela estava em pouco mais de 10 mil litros por segundo. Cinco dias antes, em 23 de dezembro, quando ainda chovia, atingiu um pico de 45 mil litros por segundo. Os dados são da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh).
Na última semana, a Cesan informou que captava em média 2, 6 mil litros por segundo para atender toda a Serra e também zona norte de Vitória (após o Canal da Passagem), Praia Grande em Fundão e bairros de Cariacica ao longo da rodovia do Contorno, o que dá cerca de 700 mil pessoas supridas pelo manancial.
O Santa Maria também é quem fornece água ao Complexo Industrial de Tubarão (Vale e Arcelor Mittal), principal consumidor individual do rio, cuja vazão atual já se aproxima do limite crítico (3,8 mil litros por segundo) e que já está bem abaixo da média histórica que é de 23,8 mil litros.
Mesmo diante desse cenário, a Cesan ainda não fala em retorno do racionamento, como aconteceu entre setembro e novembro de 2016. É que o fluxo do Santa Maria é parcialmente controlado pela represa da hidrelétrica de Rio Bonito, localizada nas montanhas de Santa Maria de Jetibá.
E segundo informação divulgada pela assessoria de imprensa da Cesan ontem (05) à tarde, a represa estavam com 70% de sua capacidade total de 27 bilhões de litros, o que pode garantir o abastecimento normal pelos próximos dias, mesmo que não chova.
Jucu também tem queda brutal no fluxo
Responsável pelo abastecimento de 1 milhão de pessoas na parte sul da Grande Vitória (Cariacica, Vila Velha, Viana e a parte da ilha em Vitória), o rio Jucu também teve queda expressiva no fluxo. Ontem (05) o rio estava com pouco mais de 9 mil litros por segundo de vazão, o que é cerca de 4,5 vezes menor do que a média para janeiro.
E diferente do rio Santa Maria, o Jucu não possui represa de porte para segurar água. Mesmo assim, a Cesan garante que a captação por lá está normal (no Jucu a retirada de água varia de 3,5 mil a 5 mil litros por segundo) e ainda não há previsão de racionamento.