A cultura popular da Serra celebra um marco histórico nesta sexta-feira (25) com a entrega oficial do estandarte restaurado da Banda de Congo Konshaça, em evento gratuito das 17h30 às 20h, na sede da banda, na Serra-Sede.
A iniciativa é pioneira no Espírito Santo e foi idealizada pela artista e mestre em artes Maria Marta Tomé, moradora da Vila das Artes, em Jacaraípe, que atuou como proponente e produtora executiva do projeto.
A ação inédita foi selecionada pelo Edital 005/2023 da SETUR/Serra, com recursos da Lei Paulo Gustavo, e executada em parceria com o Núcleo de Conservação e Restauração da UFES (NCR), sendo a primeira restauração de estandarte de banda de congo com recursos públicos registrada no Estado e também o primeiro estandarte restaurado pelo NCR.
A peça restaurada é considerada, segundo relatos de mestres, festeiros e integrantes antigos, o estandarte mais antigo em atividade entre as bandas de congo da Serra, com origem ligada à extinta Banda de Congo de Putiri, considerada matriz fundadora das manifestações de congo na cidade.
Os estandartes são elementos centrais nas bandas de congo, carregando funções religiosas, identitárias e estéticas. São conduzidos tradicionalmente por rainhas e princesas, à frente dos cortejos, representando santos devocionais, territórios e tradições. A restauração do estandarte da Konshaça é um ato de resgate cultural, devoção e reafirmação da identidade popular.
“Esse projeto não é apenas sobre um objeto, é sobre memória, pertencimento e reconhecimento das expressões culturais da Serra. É um símbolo que volta a ocupar seu lugar de honra”, afirma Maria Marta Tomé.
Programação do evento
Sede da Banda de Congo Konshaça – Serra-Sede
Das 17h30 às 20h
Sexta-feira – 25 de julho de 2025
- 17h30 – Apresentação do projeto e princípios de educação patrimonial com Maria Marta Tomé
- 18h – Apresentação técnica da restauração com Aline Cristina Gomes Ramos (NCR-UFES) e entrega do Guia Prático de Manutenção do Estandarte
- 19h30 – Entrega comemorativa do estandarte restaurado e apresentação da Banda de Congo Konshaça
Memória, arte e preservação
O estandarte foi incorporado ao acervo da Banda de Congo Konshaça graças ao gesto do professor José Carlos Miranda Filho, fundador do grupo, que o adquiriu da família de uma antiga dançarina da Banda de Congo de Putiri na década de 1970. A restauração é também uma homenagem à memória de José Carlos, falecido em 2018, reconhecido como um dos maiores articuladores da cultura popular serrana e incentivador das bandas de congo mirins nas escolas.
A sede da Banda Konshaça, onde o estandarte restaurado será preservado, funciona como uma galeria-museu popular, reunindo peças históricas e artísticas, como telas e estandartes do artista plástico Walter Francisco de Assis. O espaço é referência de preservação espontânea e comunitária no município.
Sobre a Banda de Congo Konshaça
Criada nos anos 1980, a Banda de Congo Konshaça participa ativamente do Ciclo Folclórico da Serra, sendo também responsável por eventos como a Missa do Serrano e as celebrações no Sítio Histórico do Queimado. O grupo é filiado à Associação das Bandas de Congo da Serra (ABC/Serra), que reúne as bandas do município e mantém uma política ativa de valorização das bandas mirins, hoje somando 19 bandas em atividade (10 adultas e 9 mirins), com cerca de 600 integrantes diretamente envolvidos.
Atualmente, a banda é liderada por Mestre Edson Roberto e Carlos Augusto Montarroyos, que também coordena a banda mirim Konshacinha de Santo Antônio, com cerca de 25 crianças.
