Meio Ambiente

Prefeitura diz que obra do TIMS não compromete igreja e sítio jesuíticos em Carapina

O corte do talude com as ruínas do casarão ao fundo. No detalhe a Igreja de São João de Carapina, que está a pouco mais de 400 metros do corte. Fotos: Arquivo TN/ Bruno Lyra / 11 – 03 – 21

O corte de terra que o TIMS (Terminal Industrial Multimodal da Serra) está fazendo próximo  igreja de São João de Carapina está dentro da lei, segundo a Prefeitura da Serra, que apesar deste impacto garantiu que o sítio histórico de mais de 400 anos está protegido.

A informação foi divulgada na última quinta-feira (27) numa publicação no site da Prefeitura, que é a responsável pela Igreja construída pelos jesuítas e índios em 1584 e também por conceder a licença ambiental à empresa responsável pelo TIMS, a AGTI Empreendimentos.

Segundo a publicação, na quinta estiveram no local o vice-prefeito e secretário de Turismo, Cultura, Esportes e Lazer, Thiago Carreiro, o de Meio Ambiente, Cláudio Denícoli, o procurador geral do município, Harlen Pereira de Souza, e a superintendente no ES do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Elisa Machado.

Em declaração divulgada pela assessoria de imprensa da Prefeitura, Elisa Machado, teria dito que as obras estão de acordo com o que foi autorizado pelo IPHAN. Mas que foram encontrados “vestígios arqueológicos” num dos locais escavados pela AGTI e que neste ponto as obras estão foram paralisadas.

O TIMS fica ao lado do morro do sítio histórico de São João de Carapina e após 2019 passou a fazer cortes neste. Foto: Arquivo TN/Bruno Lyra/ 11 – 03 – 21

As obras estão a cerca de 400 metros da Igreja e bem próximas das ruínas do casarão, que segundo moradores de Carapina teve desabamento parcial após início das escavações. Não se sabe se em função delas.

O secretário de Meio Ambiente Cláudio Denícoli, disse, em declaração também divulgada na publicação da Prefeitura, que a empresa responsável pelo TIMS apresentou laudo técnico que descarta qualquer prejuízo à igreja e ao casarão.  Cláudio afirmou que as estruturas estão seguras.

Já o vice-prefeito Thiago Carreiro afirmou que a prefeitura desenvolve projeto de estabilização e preservação das partes históricas do casarão, além de já ter feito recentemente limpeza na Igreja, esta ação em parceria com membros da comunidade de Carapina e ainda estar cuidando da instalação elétrica da mesma.

Escavação vem gerando polêmica desde 2019     

Em 2019 a escavação do TIMS no morro do sítio histórico gerou multa de R$ 130 mil aplicada pela Secretaria de Meio Ambiente da Serra (Semma). O órgão alegou que não havia licença ambiental e que a escavação também ameaçava o patrimônio histórico.

No primeiro trimestre de 2021 a escavação foi retomada após emissão de licença da própria Semma. Fato que assustou e mobilizou a comunidade de Carapina, gerando até reações na Câmara de Vereadores.

Construída sob a liderança do padre jesuíta Braz Lourenço – considerado o fundador da Serra – a Igreja de São João de Carapina é mais do que um patrimônio histórico. O local tem um simbolismo religioso muito forte para os cristãos católicos. É que poucos anos antes, no terreno onde a igreja foi construída, o Padre Anchieta – Hoje São José de Anchieta – realizou milagre de fazer um garoto mudo falar. O milagre consta no processo de beatificação de Anchieta concluído pelo Vaticano em 2014.

Além disso a Igreja está na memória afetiva dos moradores de Carapina e entorno, tendo sido palco de casamentos, batizados, crismas e seu pátio ter recebido quermesses ao longo das últimas décadas.

Concessão municipal

Há ainda a polêmica do fato da área do TIMS ser uma concessão pública municipal. Na prática ao terreno de 2,4 milhões de km2 às margens do Contorno de Vitória (BR 101) pertence ao município, que pagou desapropriação milionária no início dos anos 1990 à família antiga dona. Na época a empresa vencedora da concessão foi do grupo Andrade Gutierrez.

Porém, conforme levantamento exclusivo feito pelo Tempo Novo, a concessão nunca foi paga ao município e a dívida já estaria por volta de R$ 20 milhões. No último dia 12 de maio a Andrade Gutierrez enviou nota à reportagem informando que vendeu seu ativo na concessão do TIMS em 21/09/2018 para as empresas Nova Brasil Imobiliária S/A e Autovix Participações S/A, alterando a razão social da concessionária para AGTI Empreendimentos LTDA, razão social que só veio a ser registrada em 14/05/2020.

A placa da licença ambiental expedida pela Prefeitura seguia em nome da Andrade Gutierrez em 12 de abril. Ao fundo, as ruínas do casarão. Foto: Bruno Lyra

Mesmo com a mudança a placa da licença ambiental para a escavação no morro do sítio histórico informava, até abril, que a liberação seguia em nome da Andrade Gutierrez. A placa foi trocada somente após reportagens publicadas no Tempo Novo, aí sim com o nome da AGTI Empreendimentos LTDA.

A reportagem não consegui contato com os atuais gestores do TIMS. Mas caso consiga e eles se manifestem atualizaremos essa publicação.

Redação Jornal Tempo Novo

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